Algoritmo numérico

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sábado, 26 de novembro de 2016

FAMÍLIA EMBRIONÁRIA

FAMÍLIA EMBRIONÁRIA

Depois da Tribo foi a Família Embrionária. Como a evolução social, na aproximação ao moderno, se deu entre a Linguagem Moderna (C1) e a Escrita (E1), tudo indica que foi aí que teve origem a Família Embrionária, o seu acontecimento fundamental. Em que lugar de C1E1 se fundou a Família Embrionária? Ou foi antes de C1?

A Família Embrionária não foi um fenómeno ideológico, nem linguístico, foi um fenómeno social: mas à sua origem esteve associado um fenómeno ideológico e da linguagem como em todos os outros acontecimentos da evolução. Há que saber qual foi esse fenómeno: sabendo-o, e porque tem um paralelo no crescimento individual, podemos encontrar o zero da instituição familiar, FE1.

A família original foi a mais simples em todos os seus componentes, porque, como em todos os outros acontecimentos, evoluiu do simples para o complexo. Estruturalmente foi triangular: mãe, pai e filho. Emocionalmente a ligação nuclear, do pai e da mãe, foi física, sem a paixão agregada ao namoro moderno. E dos sinais linguísticos afetivos, necessariamente associados à família, nas formas de tropos ou palavras para mãe, pai e filho, um deles, também porque não puderam nascer ao mesmo tempo, foi-lhe simultâneo.

É óbvio que a Família nasceu de um par bípede. Mas é inadmissível pensar que depois do Momento Bípede (6,4462 milhões de anos), ou mesmo posteriormente à origem da Linguagem Moderna (1,95 milhões de anos), se fundou a sociedade familiar partindo de uma das seguintes situações: 1) Um macho e uma fêmea adultos encontraram-se a sós e disseram um ao outro: quero que sejas a minha fêmea e quero que sejas o meu macho para vivermos os dois e criarmos os nossos filhos; 2) Um macho e uma fêmea com uma cria falaram-se dizendo: amanhã vamos partir com o nosso filho para vivermos familiarmente; 3) Um macho e uma fêmea isolaram-se para copular e gerar filhos para os criarem a sós. E isso foi impossível por muitas razões. Todas as noções implicadas, e que nasceram gradualmente partindo da família, do desenvolvimento cognitivo e da linguagem subjacentes, a paixão, os conceitos de marido, de esposa e de fidelidade, de mãe, pai e filho, com os seus sinais linguísticos indispensáveis à fluidez dos acordos, estariam, ali, na origem, convivendo em comum. O gerador macho, que vivia em sociedade tribal, onde a sexualidade era mutuamente cruzada, não podia ter a noção do filho, uma vez que entre a cópula e o parto havia um afastamento de nove meses ricos em cópulas e partos comunitários.

Mas já é admissível pensarmos que a família nasceu da finalização trágica de uma incursão afastada da gruta em grupo, como numa intempérie, em que só sobreviveram uma fêmea e um macho adultos. O par foi obrigado a recolher-se no primeiro abrigo, uma pequena gruta, onde o tempo decorreu e nasceu uma cria. Depois a vivência apertada, no abrigo e ao crescimento do filho, criou o primeiro sentimento afetivo racional (que conduziu ao desejo dos pais prolongarem a vivência triangular, ou da intimidade, com os filhos), ou paternal (do progenitor, que copulou e viveu exclusivamente com a gravidez até ao parto, compreendendo o fio sanguíneo, ou parental, entre si e a cria) enlaçado ao afeto maternal ancestral e não racional, da mãe. E essa possibilidade é plausível de estar próxima da verdade porque impõe o fenómeno físico antes do emocional, ou mesmo linguístico, porque à origem da família teve de associar-se a afetividade racional, triangular e não intuitiva, com o sentimento de pai e o seu sinal.

O racionalismo afetivo, consonante com o bipedismo e nunca com o seu passado, admitiria o sinal para pai imediatamente posterior ao Momento Bípede. Mas os sinais afetivos, de filho, de mãe e de pai, muito mais complexos que os sinais objetivos e subjetivos originais, do Tropo, do Verbo e da Palavra, surgiram posteriormente a eles, pela experiência longa da Linguagem Moderna. E se a ligação racional pai, mãe e filho, foi do «conjunto e a sua noção», ela ocorreu, muito provavelmente, próximo do Pensamento Numérico e muito depois da origem da Linguagem Moderna. A interseção das três condicionantes sugere o Pensamento Numérico, de há 1,1231 milhões de anos, como lugar próximo da Família Embrionária.

Foi o afeto paternal, porque na origem da família esteve o reconhecimento da cria pelo pai como sua completando o afeto do par pelo filho, que levou o calor maternal de animal, ou intuitivo, a racional, ou afetivo. Depois o alongamento da vivência apertada com o filho além da idade independente originou o afeto dele pelos progenitores (uma vez que o racionalismo afetivo foi, como é, da vontade e da idade “adulta”), um afeto suplementar no conjunto formado pelos três, mas pela vontade dos pais, desde o seu nascimento ou o sinal físico da sua presença, na prenhez. Primeiro foi o afeto racional paternal, depois o maternal e muito depois o do filho pelos pais, na evolução do conjunto afetivo. Se o afeto paternal gerou a Família Embrionária o afeto do filho pelos pais, que ocorreu muito depois, gerou, na afetividade cruzada completa, a Família, que veio até hoje. E a afetividade de segunda geração, que gerou os sinais para neto e avô, foi extraordinariamente distante da segunda e muito mais próxima do presente.

E é óbvio que no princípio só houve um sinal para filhos, filho, não distinguindo o género. E é óbvio que ele foi emitido pela mãe, uma vez que o progenitor ausentava-se imediatamente após a cópula e ele surgiu do sinal emotivo ancestral e animal. (“Anlage: meio de comunicação feito de atitudes, de gestos, de sons destinados a induzir uma resposta (meio habitual nos animais: uma gata a chamar o filho).” (Pepin, 1979, p.23)). Depois foi o sinal para mãe não emitido pelo filho, imberbe na linguagem, e sim pelos outros: talvez que ao ouvirem o sinal para filho emitido pela mãe bípede, disseram «mãe», fixando-o além da articulação ancestral mãe/filho. E o sinal para pai foi o último da formação triangular; e foi emitido certamente pela mãe numa reação sonora, ou linguística, à emoção do companheiro perante o filho acabado de nascer. Pelo que o sinal para pai completou o triângulo oral e surgiu no nascimento da Família Embrionária.

O Momento Bípede aconteceu na amplitude de 75,5225 graus com o centro de gravidade do tronco caindo dentro da base de sustentação real:71 mas logo após a mãe bípede não se equilibrava de pé com a cria nos braços: porque o peso e o volume do bebé deslocavam o centro de gravidade do conjunto para a frente, projetando-o fora da base de sustentação. Pelo que o equilíbrio do Abraço Bípede deu-se para a direita do Momento Bípede: talvez que aí, de pé com o filho ao colo, gritou a emoção aos ouvidos dos outros, levando-os à codificação compacta do sinal para mãe e libertando-o da articulação ancestral mãe/filho. E é credível associar à emergência do sinal maternal uma ocorrência física: o Abraço Bípede. E isso diz-nos, pela precedência do sinal maternal ao paternal, que a Família Embrionária ocorreu muito depois do Abraço Bípede. n71

Contrariamente, se a mãe fixasse a cria nas costas, antes do Momento Bípede, a projeção do centro de gravidade do tronco com o filho deslocava-se favoravelmente sobre a base de sustentação, dando equilíbrio ao conjunto: mas essa habilidade muito improvavelmente aconteceu. Também que o Primata não tinha a noção do bipedismo efetivo e seria indiferente ao bipedismo espontâneo da mãe com o filho, não bebé, às costas. O que aconteceu, talvez, foi que a mãe bípede, após o Momento Bípede, deixava de ser bípede abraçando o bebé só readquirindo o equilíbrio, do conjunto, quando ele cresceu e saltou para as suas costas: e essa ocorrência, incompreendida mas ancestralmente repetida, levou à opção de transportar o bebé à retaguarda. E é admissível que o costume da mulher africana transportar o filho às costas foi aí adquirido.

Conforme a cria adquiria volume e peso favorecia o transporte à retaguarda, levando o centro de gravidade à base de sustentação e aproximando-o, progressivamente, do seu centro, e desfavorecia o transporte à frente, afastando-o cada vez mais: o crescimento do filho impossibilitava o transporte frontal e favorecia o transporte atrás. O transporte bípede à retaguarda ocorreu antes do Momento Bípede; e o transporte frontal extraordinariamente depois: porque o crescimento rápido da cria opunha-se à progressão angular (rumo à verticalidade) insignificante da mãe. E o Abraço Bípede foi mágico: no individual, porque permitiu à mãe olhar de pé o olhar do filho (quando a frontalidade do olhar é essencial à linguagem e à comunicação afetiva, ou familiar); e no coletivo, porque foi um passo em frente no bipedismo, mesmo assim incompleto, uma vez que o Bipedismo Absoluto, da mãe prenha ereta até ao parto, foi muito depois.

Depois do Momento Bípede, durante milhões de anos, porque a verticalização demorou cerca de 444703,8508 anos por cada grau (c. 29), a fêmea bípede voltava à locomoção quadrúpede durante a prenhez, entre o momento em que o peso do ventre deslocava a projeção do seu centro de gravidade para fora da base de sustentação e o parto. Esse retorno ao estado primitivo, equivalente ao das tribos não bípedes, foi visto, muito provavelmente, como uma desvirtuação feminina, algo insólito, de temer e místico, elevando os machos sobre as fêmeas. Foi, talvez, esse sentimento de superioridade que, associado à maior agilidade e liberdade do macho, causou o domínio masculino que só o presente está a contrariar. E o negativismo original esteve na base das grandes crenças, do bem e do mal, com o mal em primeiro lugar e dominando até ao presente:72 e não foi por acaso que todas as encenações de Deus foram figuradas no masculino, que nas interpretações diabólicas, como do surrealismo de Bosch,73 surgem a prenhez e o nu femininos, que o pecado mortal saiu da dentada de Eva e a caixa de Pandora libertou todos os males do mundo. E é de admitir que a família original só nasceu depois do momento em que a mãe prenha não voltou à locomoção quadrúpede: porque, só aí, sem inquietação, a primeira exigência afetiva, o bem-estar do par foi de variável a fixo. n72 e n73

“…Na gestação, uma mulher saudável engorda entre 11 kg e 15 kg até a hora do parto. Em uma mãe que ganha 14 kg durante a gravidez, o peso extra fica distribuído assim: cerca de 2,5 kg de aumento no volume de sangue e do útero, 1,5 kg por causa da formação da placenta e do líquido amniótico, 3,5 kg do peso médio da criança, 2 kg em líquidos retidos pelo organismo e mais 4,5 kg de gordura nos seios, quadris, coxas e abdomen…:”: (Texto digital 1: Mundo estranho; (2016); Porque as mulheres engordam tanto na gravidez; (2016/12/5).

Numa grávida que ganha 14 quilos na gravidez só 3,5 são do peso da criança. E 4 quilos, da soma do peso do filho com o peso da placenta e do líquido amniótico, são muito mais peso e mais volume no ventre antes do parto que depois dele no colo, com o bebé: pelo que o equilíbrio da prenhez, no Bípedismo Absoluto, foi muito posterior ao equilíbrio do transporte frontal, no Abraço Bípede.

Além disso, a figura paterna emerge, a partir dos dois anos, entre os rostos que rodeiam a criança. O pai e a mãe passam a ocupar o seu lugar determinado, com as suas tarefas específicas…” “…No triângulo original o pai desempenha um papel menor, e a primeira imagem má é, por vezes, dificilmente compensada por uma melhor imagem, até à liquidação do complexo edipiano…” “Mas é a partir dos três anos e até aos seis anos e meio ou sete que se desenvolve realmente o complexo de Édipo…” “…Depois dos seis ou sete anos, a parte inconsciente da imagem paterna é atenuada por uma imagem consciente gravada e indestrutível…” “…Mas a escola infantil (pré-primária) já tinha exigido à criança atitudes novas e uma certa autonomia em relação à vida familiar. Para Denis Wallon, a professora desempenha o papel do pai na resolução do Édipo... O pai, sempre longe ou ausente, ainda não «separou» verdadeiramente a criança do casal maternal.” “Para a criança, existe mais ou menos transferência da autoridade do pai – e do seu modelo – para o professor. Para que haja harmonia entre estes dois objetos de identificação, a escola tem tentado, nos últimos anos, lançar uma «ponte» que atinja a família, em vez de viver em circuito fechado, como no último século. De resto, a criança não é capaz de assumir formas diversificadas de autoridade. Existe um arquétipo ancestral e inconsciente em que baseiam a palavra do pai, do professor, do juiz e do padre. Seria desejável, para terminar a liquidação do Édipo que, depois dos seis ou sete anos, o professor do rapaz fosse um homem e da rapariga uma mulher. Como é evidente, o ensino misto generalizado e a crescente enfeminização do corpo docente não o permitem.” (Pepin, 1979, p. 42, 52, 99, 100, 118 e 122).

O reconhecimento do pai pela criança tem dois momentos fundamentais: o primeiro no terceiro ano de vida e o segundo na liquidação do complexo de Édipo, entre os 6 e os 7 anos. Se só com a liquidação do Édipo a criança adquire uma boa imagem do pai, a imagem anterior não foi a do pai fraterno e foi a do chefe, de paralelo na Tribo: o que sugere que o tempo do crescimento entre o zero do complexo de Édipo, os 3 anos, e a sua liquidação, aos 7 anos, ou do reconhecimento elementar do pai e a sua finalização, é um paralelo entre a origem da Tribo e do tropo chefe e o zero da família, na origem da palavra pai e do «afeto paternal» quando da distinção do filho pelo progenitor. A indefinição da figura paterna, que nasce aos 2 anos e evolui para a definição entre os 3 e os 7 anos infantis, é paralela da conversão ancestral do chefe, pelo tropo, para o pai, já pela palavra, muito provavelmente. O complexo de Édipo, partindo do apego cruzado pelos pais, é do feminino e do masculino, mas converge na resolução triangular só pela figura paterna, o pai; da mesma forma na evolução foi o pai que completou a trilogia familiar, originando a Família Embrionária.

O chefe ancestral do pai é teatralizado na infantilidade dos 3 anos na autoridade, ou lei, que a novidade da escola, personalizada no Professor, representa além do par maternal, da criança com a mãe; e só um adjetivo comum a Pai, Professor, Juiz e Padre, como «líder», ou «chefe», pode conduzir a perceção infantil ao tempo ancestral da espécie; e é do «modelo» de pai, fora do afetivo e bom, não do pai, que a criança transfere a sua autoridade para o Professor. Tanto o professor, como o juiz e o padre, dominam sobre agrupamentos maiores: e foi assim com o chefe na Tribo. O papel menor, que a figura paterna representa ao olhar da criança de 3 anos no triângulo familiar, não pode deixar de ser uma reminiscência do papel suplementar, ou ausente, do progenitor, na evolução tribal anterior á família; e o tempo da conversão da má na boa imagem que a criança tem do pai, 7 – 3 = 4 anos, longo no crescimento individual, só pode ser um paralelo do tempo extraordinariamente longo entre a origem da Tribo e a origem da família, entre os estados embrionários de Chefe e de Pai. O pai pode não estar longe, nem ausente, mas a criança agrega-se muito mais precocemente à mãe, agindo geneticamente, influenciada pela ausência ancestral e longa do progenitor: é como se a figura psicológica, do complexo, remanescendo de há 10,0775 milhões de anos, se associasse oportunamente a uma personagem antropológica, e figurada, o Édipo, uma criança representando todas as crianças.

E a imagem paterna, entre os 6 e os 7 anos, assume-se na totalidade, gravada e indestrutível: e isso diz-nos que a memória fixa, nesse intervalo, a terceira figura afetiva, completando o triângulo familiar, quando a família existia desde o seu nascimento; paralelamente, na evolução, no zero da família, a memória, essencial ao futuro desenvolvimento da numeração, solidificou-se. Daí a admissão de a família ter nascido antes do Pensamento Numérico de há 1,1231 milhões de anos. Com efeito, quando o hominídeo distinguiu os sons pê, é e ó, de pé e pó, e proferiu depois pé e pó como palavras e não como tropos, construiu, e memorizou, a lei da Linguagem Moderna, quando antes a memorização dos sinais era intuitiva e animal: pelo que a ideia só há 1,95 milhões de anos transitou da animalidade para o estado hominizado, pela memória. Depois, com a Família Embrionária, a memória cristalizou o triângulo familiar nos seus 3 elementos: aí, talvez, o Homem Primitivo adquiriu a noção da unidade, o elemento primário da numeração, vendo que a família se compunha do par adulto «mais» 1 filho, dirigindo os seus esforços para a sobrevivência do conjunto, no que foi um novo modo de vida social.

O complexo de Édipo manifesta-se a partir do terceiro ano com a influência menor da figura paterna na mente infantil; mas a figura do pai interfere no crescimento infantil antes dos 3 anos, a partir dos 2: e associamos, paralelamente, este limite inferior, à origem do tropo Chefe, e da Tribo, na evolução: e esse paralelismo está correto porque verificámos que a distância 10,0775 milhões de anos corresponde à idade 2,2881 anos da criança.

Temos que aos 7 anos a criança reconheceu a figura paterna. Esse momento, da evolução infantil, é paralelo ao momento em que nasceu o afeto da cria pelo progenitor, muito posterior àquele em que o pai reconheceu a cria como sua: porque foi a partir do reconhecimento do filho pelo pai que o par o pressionou a ficar além da idade independente, a crescer no afeto familiar, donde veio a adquirir o afeto pelo pai, e pela mãe. Como é a partir dos 6 anos que a figura paterna começa a ocupar o seu lugar na mente infantil essa idade é paralela ao momento em que o pai reconheceu o filho: porque foi aí que nasceu o afeto familiar e o aperto afetivo à cria contra a independência animal anterior.

Assim que os 6 anos infantis, da liquidação do complexo edipiano ou do reconhecimento do pai pela criança, tem paralelo na origem da família, FE1, na evolução. E FE2E2 = 23 – 6 = 17 anos. Como FE1 se situa à direita de C1 KFE é menor que KCE.

KFE 88804,6889.

FE1E1 / FE2E2 < KFE FE1E1 / 17 < 88804,6889 FE1E1 < 88804,6889 x 17 FE1E1 < 1,5097 x 106 anos.

A Família Embrionária surgiu há menos de 1,5097 milhões de anos.



domingo, 20 de novembro de 2016

ORIGEM DA VERTICALIZAÇÃO

ORIGEM DA VERTICALIZAÇÂO

Se o habitat original era o cimo das árvores o conflito G1I1 pressionou os primatas à descida sistemática no tempo. Se o seu habitat era o coração florestal tiveram de divergir do centro para a periferia. De G1 para I1, entre há 32,6138 e 27,2466 milhões de anos, foram ocupando progressivamente planos mais baixos ao mesmo tempo que divergiram do centro para o exterior. 5,3672 milhões de anos decorridos, em I1, ocupavam as orlas florestais e viviam sobretudo no chão. Na emigração forçada do cimo para o chão foram-se privando da luz; na emigração do centro para as periferias retornaram à atração por ela: e a atração pela luminosidade dos exteriores, na aproximação às orlas florestais, acelerou voluntariamente a dispersão. A ausência prolongada de luz conduziu à decadência da pelagem.
Pela exposição da superfície corporal e sujeitos abertamente aos climas rigorosos os primatas posteriores a I1 procuraram abrigos. Ao se protegerem, pela primeira vez, do sol, da chuva, ou da neve intensos, com uma casca de árvore ou uma folha grande, experimentaram a noção de agasalho. Essa noção permaneceu no seu estado embrionário durante grande parte do tempo I1E1 (entre I1 e o presente), porque entre os grupos expostos diretamente ao céu e os que se abrigaram, em retiros naturais, só os segundos, espontaneamente protegidos, sobreviveram. A carência de abrigos naturais diz-nos que foi um universo mínimo que sobreviveu.
Ao descerem do arvoredo e divergirem do centro florestal os primatas de G1 sentiram a escassez de bagas e frutos enquanto ampliaram o paladar socorrendo-se de tubérculos e raízes. Ao ocuparem planos mais baixos adquiriram a tendência, sobretudo defensiva, de olharem para cima, acompanhada, automaticamente, pelo impulso de elevação do rosto e da cabeça e, por sequência física, da parte superior do corpo, o tronco: e essa elevação evoluiu da tendência para a permanência conforme transitou da defesa espontânea para o estado de alerta. Pelo estado de alerta os primatas exercitaram os sentidos acelerando a conversão da Indução Ideológica em Ideia. E o estado de alerta foi um fenómeno interventivo intermediário às transformações físicas e psicológicas: ele reuniu à aferição dos sentidos a necessidade da elevação corporal seguindo as janelas da visão e audição. A elevação corporal genética iniciou-se muito próximo de G1; porque só isso justifica que logo após I1, decorrido G1I1 e anulado o esforço corporal do estado de alerta, prosseguisse a verticalização automática do esqueleto. A verticalização nasceu de 5,3672 milhões de anos de elevação física intensa: com essa intensidade decrescendo na aproximação a I1 e às savanas na redução do conflito e da conversão da metamorfose esquelética de forçada, ou física, para genética.
A elevação para o estado bípede, que se concluiu quando o centro de gravidade do tronco, em elevação e rotação, caiu dentro da base de sustentação do corpo no Momento Bípede, há 6,4462 milhões de anos, durou aproximadamente (32,6138 – 6,4462) x 106 = 26,1676 milhões de anos. E dividiu-se em dois tempos: 1) Entre G1 e I1, durante 5,3672 milhões de anos, por esforço físico; 2) De I1 para MB, durante (27,2466 – 6,4462) x 106 = 20,8004 milhões de anos, por impulsão genética. Com o bipedismo, no Momento Bípede, o Primata converteu-se no Hominídeo; foi uma alteração física que originou essa transformação quando, há 1,95milhões de anos, com a conversão da Linguagem Articulada na Linguagem Moderna, foi a alteração ideológica que levou do Hominídeo ao Homem Primitivo. Prosseguindo a elevação atingiu-se a verticalidade há 8000 anos, com a Escrita Embrionária. No paralelismo entre a evolução ideológica e a verticalização esta deu-se entre G1 e EE com o impulso físico original, de G1I1, transcendendo a ideia e originando-a.
Conforme a diáspora evoluiu do centro para o exterior os planos inferiores foram sendo mais povoados e insuficientes do alimento já naturalmente escasso. À tendência da elevação imprimida pelo estado de alerta associou-se a necessidade permanente de olhar o alto na procura de alimento, localizado, obviamente, nos pontos mais elevados do arvoredo. À tendência da elevação psicológica do estado de alerta associou-se uma física. Mas a ambas associou-se ainda outra, também psicológica: ao serem empurrados para o chão iam sofrendo o afastamento do alto tendendo a elevar-se pela nostalgia da origem. Essas três causas tornam provável que em I1, muito mais terrestres que arborícolas (A soma dos períodos quaternário e terciário, os mais recentes, é aproximadamente 60,02 milhões de anos: “…o período terciário durou, no total, uns 59 milhões de anos. Durante esse período imenso, os Prossímios evoluíram em Macacos que por sua vez continuaram o seu desenvolvimento. A evolução dos Primatas produziu Macacos antropomorfos arborícolas e, mais tarde, terrestres, entre os quais se desenvolviam também os antepassados diretos do Homem…” (Nesturkh, 1972a, p. 76)), tivessem uma elevação aproximada aos 45 graus, uma vez que só essa amplitude favorece o olhar frontal indispensável à linguagem futura. E o ver, evoluindo de mecanismo da vigia para a comunicação, assumia-se como segundo sentido depois do ouvir. E é de admitir que forçassem o esqueleto a elevar-se para o olhar convergir com o som: e este vetor, extremamente sensitivo, associou-se aos outros logo ascendendo sobre eles. O peso dos fatores sensoriais sobre os físicos no esforço da elevação no tempo longo G1I1, impôs-se tão fortemente que se fixou como código genético da verticalização, dirigindo-a durante 27,2466 x 106 – 8000 = 27,2386 milhões de anos; 20,7924 milhões agindo só, até MB; e depois de MB associado à sexualidade seletiva, bípede com bípede, uma novidade do Hominídeo sobre o Primata.
Esforçados na necessidade de elevação os membros da frente foram-se libertando do solo; essa libertação disponibilizou-os para outras aptidões (partindo das primárias de que tinham partido, como o catar e a apanha de bagas e frutos) reflexivas dirigidas às suas extremidades: as mãos. Em I1, praticamente subjugados à vida no solo, a elevação era essencial, contínua e esforçada.

Depois de I1 os primatas ocupavam as orlas florestais e as periferias. Os que ocupavam as periferias abrigaram-se; e saíam dos abrigos buscando alimento na floresta: nos encontros entre grupos geraram-se confrontos que de esporádicos foram a permanentes criando conflitos depois do grande conflito. Para maior sucesso na apanha de frutos os primatas periféricos sentiram a necessidade do prolongamento do braço para ir mais alto; uma exigência que os incitou de uma incursão para outra conduzindo-os ao seu alongamento artificial, no uso, embrionário, do pau.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

SELVAJARIA, BARBÁRIE E CIVILIZAÇÃO


Selvajaria, Barbárie e Civilização.

Na Selvajaria e na Barbárie, anteriores à Civilização, teve de existir a hierarquia do Chefe, porque os estádios da evolução referem-se à hominização tribal e não em bando: o que implicou a Tribo e o Chefe depois do bando e do líder. Mas os estádios da evolução só têm sentido na aproximação ao moderno: ou seja, o selvagem e o bárbaro só são relevantes fora dos seus contextos ancestrais. Pelo que a origem da Selvajaria é dada pelo extremo superior da interseção dos tempos selvagem, primitivo e moderno, o momento da Linguagem Moderna há cerca de 1,95 milhões de anos.
O selvagem, que evoluiu das usurpações tribais para as afetivas pelo domínio territorial e físico enquanto se desenvolveram estratégias de aproximação ao moderno, levou da Selvajaria à Barbárie. A Barbárie surge-nos pela conjunção dos tempos afetivo, seguinte à Família Embrionária, 1,4653 milhões de anos, e territorial, depois da grande migração do berço africano para a Europa na aproximação ao global e moderno, levando-nos ao extremo superior 102000 anos.1
Foram, talvez, na Barbárie, os confrontos do Homem Moderno com o Homem de Neandertal (separados há cerca de 400000 anos), que acelerou a ocupação global e o anúncio da Civilização. A Civilização surge-nos da interseção do tempo moderno com a Arte (0; 36500) anos, do tempo territorial Global, depois da última colonização, das Américas (0; 12000) anos, e do tempo da Escrita e Verticalidade (0; 8000) anos, na distância 8000 anos.
Selvajaria: (1,95 x 106; 102000) anos.
Barbárie : (102000; 8000) anos.
Civilização: (8000; presente).
E o selvagem evoluiu da Selvajaria para a Barbárie e a Civilização das invasões kúrguicas para as bárbaras, das grandes guerras mundiais, das económicas, étnicas e religiosas, com a desigualdade antropológica convergindo na desigualdade arbitrária, anti-família e maquiavélica, académica e das leis.

1
Interpolando aproximações aos 1,5 anos infantis obtemos 102000 anos (com K = 4745,5294, M2E2 = 21,4939 anos e N2M2 = 1,5061 anos). Aí, na entrada do Paleolítico Médio, o espírito gráfico do homem primitivo equivalia ao da criança na idade dos primeiros riscos. Talvez estivesse dotado da capacidade de visualização de uma rota, na mais remota manifestação do traço hábil e da mobilidade migratória estratégica:


“As provas biológicas e arqueológicas apontam o continente africano como a pátria do homem moderno. Pouco depois de há 100000 anos, um grupo de homens modernos emigrou de África, espalhando-se primeiro para nordeste, e depois para além do Sudeste Asiático e Oceânia…” (Ruhlen, 1998, p. 168); “A descendência feminina do ADN mitocondrial permite… acompanhar retrospetivamente as variações modernas deste material genético até uma fonte existente numa única população de uma determinada época passada. …existe consenso entre os investigadores do ADN mitocondrial quanto ao facto de África ter sido um lugar de origem provável para a configuração básica do ADN mitocondrial de todos os povos modernos do mundo, há pouco mais de 100000 anos.” (Jordan, 2001, p. 58)