Algoritmo numérico

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sábado, 29 de outubro de 2016

ARTE PARIETAL

ORIGEM DA ARTE PARIETAL


Vamos ordenar na ordem decrescente, partindo dos 6 anos infantis correspondentes, no paralelismo, aos 8000 anos da Escrita Embrionária, as idades da evolução gráfica da criança.

1,5 anos: Interesse por riscos. 2 anos: Ímpeto na execução de garatujas. 2,333 anos: riscos circulares, esboços de traços angulosos, riscos, pontos e manchas. 3 anos: As garatujas simplificam-se e surgem novas formas básicas, como cruzes, círculos e linhas de delimitação do espaço da folha. 3,5 anos: Surgimento das primeiras imagens figurativas. 3,833 anos: Automatização do grafismo e tomada de consciência do desenho em linha da escrita do adulto. Transferência do grafismo do desenho para a escrita. 5,5 anos: Aperfeiçoamento do desenho que se torna uma composição deliberada de grafismos expressando uma realidade consciente ou inconscientemente pretendida.

Para posicionarmos esses momentos da evolução gráfica infantil na evolução da Arte Parietal vamos encontrar as idades paralelas da criança aos extremos dos períodos cronológicos de Leroi-Gourhan. Os resultados das interpolações apresentam-se num só esquema. Como o desenvolvimento do cálculo já foi exemplificado apresentam-se só os resultados para K, M2E2 E N2M2, este comprimento correspondente à idade infantil.

De (K4 – 333,3333) / (52000 – 5000) = (88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K4 = 2471,2236, M2E2 = 21,0422 anos e N2M2 = 1,96 anos.

De (K5 – 333,3333) / (32000 – 5000) = (88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K5 = 1561,0951, M2E2 = 20,4984 anos e N2M2 = 2,50 anos.

De (K6 – 333,3333) / (22000 – 5000) = (88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K6 = 1106,5964, M2E2 = 19,8808 anos e N2M2 = 3,12 anos.

De (K7 – 333,3333) / (17000 – 5000) = (88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K7 = 879,1928, M2E2 = 19,3359 anos e N2M2 = 3,66 anos.

De (K8 – 333,3333) / (12000 – 5000) = (88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K8 = 651,7224, M2E2 = 18,4127 anos e N2M2 = 4,59 anos.

De (K9 – 333,3333) / (10000 – 5000) = (88804,6889 – 333,3333) / (1,95 X 106 – 5000) vem que K9 = 560,7661, M2E2 = 17,8327 anos e N2M2 = 5,17 anos.

Ao período Pré-figurativo da Arte Rupestre, de há entre 52000 e 32000 anos, corresponde, no paralelismo da evolução, o período entre os 1,96 e os 2,5 anos do desenvolvimento da criança. Ao período Primitivo, entre há 320000 e 22000 anos, corresponde o período infantil de extremos 2,5 e 3,12 anos. Ao período Arcaico, entre há 22000 e 17000 anos, corresponde o período infantil maior que 3,12 e menor que 3,66 anos. Ao período Clássico, de extremos 17000 e 12000 anos, corresponde o período infantil dos 3,66 aos 4,59 anos. E ao último período, limitado por 12000 e 10000 anos, corresponde o período entre 4,59 e 5,17 anos da evolução individual.

O ponto 1,5 anos do desenvolvimento infantil transcende, paralelamente, o tempo da classificação arqueológica da arte primitiva, porque se situa à esquerda do intervalo entre 1,96 e 5,17 anos. Essa transcendência (a calcular depois) é grande, porque os afastamentos genéricos crescem exponencialmente quanto aos intervalos da evolução individual, com a diferença 1,96 – 1,5 = 0,46 anos muito significante. O ponto 5,5 anos ultrapassa o intervalo infantil à direita não tendo paralelo no tempo total da classificação genérica, que varia entre os 52000 e os 10000 anos. O que significa que a grafia embrionária do homem primitivo, equivalente à entrega inicial da criança aos riscos, ocorreu muitíssimo antes dos 52000 anos, e que a correspondência aos 5,5 anos infantis, onde acontece a objetivação do desenho, se situa aquém dos 10000 anos e além dos 8000, da Escrita Embrionária, correspondente à idade de 6 anos.

Os dois pontos infantis, 2 e 2,333 anos, pertencem ao intervalo entre 1,96 e 2,5 anos, a que corresponde o período Pré-figurativo. Efetivamente, aos 2 anos, a criança traça garatujas com ímpeto, e aos 2,33 anos esboça traços angulosos, riscos, pontos e manchas, fenómenos gráficos pré-figurativos. O ímpeto aplicado pela criança na execução de garatujas pelos 2,333 anos obriga ao domínio da mão sobre o marcador; igualmente, o homem do período
Pré-figurativo, aquém dos 52000 anos, tinha de ter destreza manual, ao ponto de riscar, de forma ritmada e não casual, ossos e pedras, que chegaram até ao presente: na criança há o exercício de 2,333 – 1,5 = 0,833 anos experimentais e no homem primitivo a experiência ancestral de traçagens horizontais, para os domínios adquiridos.

O ponto infantil 3 anos pertence ao intervalo de extremos 2,50 e 3,12 anos, paralelo ao período Primitivo, já figurativo, entre os 32000 e os 22000 anos. Pelos 3 anos a criança, além de simplificar as garatujas e delimitar espaços com linhas amplas, desenha cruzes e círculos básicos. Ao delimitar o espaço da folha ela assume a noção de espaço anterior à de profundidade e fundamentais à realização geométrica. O círculo que traça já não é o círculo pré-figurativo dos novelos de garatujas e demonstra um salto no seu desenvolvimento. Os seus desenhos não são figurativos mas são geometrografias elementares que, depois, com o quadrado, o triângulo, o cubo, a pirâmide e o cone, apontam à geometria moderna, da Arquitectura, do Design e da Arte.

Aos 3,5 anos surgem as primeiras imagens figurativas. Essa idade enquadra-se no intervalo entre os 3,12 e os 3,66 anos cujo paralelo genérico é o período Arcaico, entre há 22000 e 17000 anos, de representações simplificadas mas mais desenvolvidas que as da fase anterior. Igualmente as primeiras figurações infantis são arcaicas, mas muito menos primitivas no envolvimento geométrico, de graciosidade pueril composta das linhas, pontos, riscos e círculos, dos estados que transpôs.

Os 3,833 anos da criança situam-se entre os 3,66 e os 4,59 anos a que corresponde o período Clássico limitado por 17000 e 12000 anos. No período Clássico houve um progresso no tratamento dos pormenores e nos 3,833 anos infantis atinge-se a automatização gráfica e a consciência do desenho em linha da escrita do adulto. Paralelamente os simbolismos pré-linguísticos, já compreendidos como tentativas de escrita, como a «Inscrição de La Pasiega», enquadram-se nessas distâncias, embora os signos isolados, ditos tectiformes ou claviformes, marcarem presença antes.

Como a arte primitiva transitou da postura horizontal para a vertical houve um momento em que a transição ocorreu. E se a Arte Parietal remonta aos limites dos períodos Pré-figurativo e Primitivo essa transição deu-se entre há 52000 e 32000 anos. Existem dois momentos da evolução infantil enquadrados no paralelismo desse tempo, 2 e 2,333 anos; não podendo ser irrelevante a existência de dois momentos no enquadramento quando nos outros só existe um: o que sugere que o segundo, 2,333 anos, respeita a essa transposição.

O primeiro momento, 2 anos, referente ao ímpeto na execução de garatujas, corresponde (com K = 2380,4854, M2E2 = 21,00412 anos e N2M2 = 1,9959 anos) à distância de 50000 anos, não deixando de concordar com o extremo mais afastado, embora com uma diferença de 2000 anos. No paralelismo literal, talvez que, nessa lonjura, o homem primitivo assumiu, nos rituais do dia-a-dia, uma aptidão que havia muito praticava irregularmente: traçar no chão.

O segundo momento, 2,333 anos, referente ao início do grafismo geométrico infantil, corresponde (com K = 1766,0668, M2E2 = 20,667437 anos e N2M2 = 2,3326 anos) à distância de 36500 anos. Talvez que, aí, depois de mais de 50000 – 36500 = 13500 anos de exercitações horizontais, o homem primitivo, praticamente vertical e no face-a-face com superfícies verticais, passou a riscá-las. (“…ao longo de centenas de milénios da nossa evolução, o volume do cérebro sofreu um aumento progressivo. Em harmonia com este aumento de volume, evoluiu também algo cada vez mais semelhante à consciência de nós próprios e do mundo que nos rodeia, até que, há cerca de 35000 anos, emergiu o ser humano… De tal maneira que, em determinados lugares, os homens começaram a criar obras de arte duradouras, pinturas rupestres, gravações, esculturas e modelagem…” (Jordan, 2003, p.25); “Há 45 ou 35 mil anos, conforme as regiões do mundo, a arte rupestre, da qual um primeiro brilho trazido por umas cúpulas indianas alumiara a noite dos tempos, nasce ainda do encontro de uma capacidade e de uma necessidade: uma capacidade cognitiva… resultado também da acumulação das experiências e das aquisições no decurso dos milhões de anos da sua história; uma necessidade nascida de contextos locais particulares… suscitando crenças e práticas rituais…” (Lorblanchet, 2009, p.72)). E fê-lo com duas novidades: de pé e com regularidade. O fenómeno da regularidade, emergente dos ritmos originais, foi fundamental às determinações artísticas do homem como o é na criança. Riscou paredes moles como desde tempos imemoriais riscava o chão de terra, com o dedo, uma cana ou um pau, e as interiores, de pedra, com pigmentos espontâneos e carvão.

“Não encontramos vestígio algum de arte no Paleolítico Médio (100000 a 50000 anos a. C.), salvo as cores que por vezes se encontram nos locais onde habitou o homem. Entretanto, ossos regularmente entalhados, assim como cavidades em forma de cálices, escavadas na rocha e frequentemente agrupadas duas a duas, traduzem já uma preocupação de ritmo. Pobres tentativas, supremos esforços desse homem tão primitivo do Neandertal que, antes de desaparecer para ceder lugar ao Homo sapiens, entrevia num vislumbre todo um mundo estético que era incapaz de criar.” (Mauduit, 1959, p. 86).

Foi há 50000 anos que se transitou da irregularidade para a regularidade das traçagens no chão. Aí a mão já era hábil na manobra de um riscador. O riscador substituíra o dedo na representação da ideia simples num desenho; o pau, utilizado correntemente desde o derrube ancestral de frutos, conectara-se ideologicamente: da evolução do simples para o complexo dessa conexão e da subjetivação do hábil nasceu a arte embrionária. 13500 anos decorridos, há 36500 anos, o apuramento do hábil levou à traçagem de pé, ou Arte Parietal. E 36500 – 32000 = 4500 anos depois, ultrapassada uma longa experiência manual e ideológica, dominou-se um riscador muito mais duro e exigente, como a lasca de granito sobre calcário, perpetuando-se o desenho na aventura figurativa.


Para trás 52000 – 32000 = 20000 anos de arte efémera, minimamente testemunhada, partindo da representação gráfica de uma ideia simples; para a frente 32000 – 10000 = 22000 anos de figurações fixas e signos ascendentes: depois a convergência na Escrita Embrionária, e na Escrita, a arte de traduzir graficamente ideias complexas. Com a Escrita Embrionária a arte convertia-se em Arte iniciando-se a Civilização.