Algoritmo numérico

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sábado, 1 de agosto de 2015

A VERTICALIZAÇÃO ANTROPOLÓGICA E OS MOMENTOS BÍPEDES


A verticalização antropológica deu-se do estado quadrúpede para o estado bípede, entre a horizontalidade pongídea e a verticalidade humana. Quais os momentos fundamentais desse fenómeno? O pensamento académico ligado à teoria da evolução aponta unicamente o Momento Bípede; mas o Momento Bípede não foi o único momento fundamental da verticalização.
A base de sustentação do corpo humano é o trapézio desenhado pelo assentamento dos pés no chão e delineado, esquematicamente, à esquerda e à direita pelas linhas que vão dos calcanhares aos extremos dos dedos grandes, os segmentos AE e DF, à retaguarda pelo segmento AD que vai de um calcanhar ao outro e à frente pelo segmento EF que une as extremidades dos dedos. Mas esse trapézio divide-se em duas áreas: uma grande, a área fixa, que vai da linha da retaguarda, AD, até à linha delineada pelas extremidades interiores das falanges proximais dos dois dedos, BC, a base ABCD; e outra pequena, a área móvel, determinada pela linha EF e a linha BC, a base BEFC. Se a área ABCD é fixa por corresponder ao assentamento da planta dos pés no chão a área BEFC é móvel por corresponder ao apoio articulado, ou das falanges, dos hálux.

O fenómeno da verticalização foi o da rotação do tronco desde os 0 graus, posição quadrúpede, até aos 90 graus, posição vertical bípede. E o bipedismo ocorreu quando o centro de gravidade do tronco, na rotação, caiu dentro da base de sustentação do corpo.

Estando de pé, a vertical que passa pelo centro de gravidade do tronco humano cai no centro do trapézio ABCD, em G. Nessa posição o homem encontra-se no equilíbrio total bípede. Se o corpo se inclinar para a frente ele evolui na instabilidade mas permanece estável enquanto a projeção do centro de gravidade não transpuser BC. Por isso mesmo a área ABCD é a base fixa da base de sustentação. Se o corpo se inclinar mais e a projeção do centro de gravidade atingir a área BEFC entra em equilíbrio instável porque a linha BC é um eixo de rotação do pé e o novo apoio, a base móvel, não é rígido e tem outro eixo de rotação, dado pela linha MN, determinada pelas articulações intermédias às duas falanges. E se o corpo se inclinar mais, com a projeção do centro de gravidade ultrapassando EF caindo fora da base AEFD, entra em desequilíbrio bípede.
Há, assim, três estados de equilíbrio: 1) Estável: quando o centro de gravidade cai sobre a linha GH, na área fixa ABCD; 2) Instável: quando o centro de gravidade cai sobre a linha HI, da área móvel BEFC; 3) Mais instável: quando o centro de gravidade cai sobre a linha IJ, da área móvel BEFC; 4) Desequilíbrio: quando o centro de gravidade cai fora da base AEFD e além de J, sobre a linha JL.

Ora, o fenómeno da verticalização experimentou esses três estados de equilíbrio, mas no sentido inverso. Se na posição quadrúpede a projeção do centro de gravidade do tronco primata caía em L (0 graus) ele percorreu o segmento JL, no sentido de J para L, para atingir a base móvel e entrar em equilíbrio instável. Em J o primata experimentou algum conforto na posição bípede: o Bipedismo Embrionário. O bipedismo instável durou o tempo do arrastamento do centro de gravidade no segmento JH; mas viveu dois tempos: o primeiro, percorrendo o segmento JI na base AEFD sujeita aos dois eixos MN e BC, de menor estabilidade; e o segundo, evoluindo no segmento IH na base AEFD sujeita só ao eixo BC, de maior estabilidade. Durante o tempo correspondente à rotação de J para H o primata sentia um conforto temporário na posição ereta que o obrigava a retornar à posição quadrúpede, mas um conforto progressivo, da evolução do Bipedismo Embrionário em J para o Momento Bípede em H. O Momento Bípede aconteceu quando a projeção do centro de gravidade caiu dentro da base fixa ABCD, em H. O Momento Bípede foi um fenómeno de grupo porque originou a seleção bípede, os cruzamentos sexuais exclusivamente bípedes, na conversão do Primata no Hominídeo.

O Bipedismo Embrionário aconteceu há aproximadamente 10,4002 milhões de anos quando o tronco se elevava nos 68 graus. O Momento Bípede aconteceu há aproximadamente 6,4462 milhões de anos nos 75,5225 graus. Daí que a rotação de BE para MB foi um movimento ancestral de 3,954 milhões de anos correspondentes a uma ascensão de 7,5225 graus.
E depois do Momento Bípede, durante um tempo extraordinário, a fêmea bípede voltava à locomoção quadrúpede durante a gravidez, entre o momento em que o peso do ventre deslocava a projeção do seu centro de gravidade para fora de ABCD e o parto. Esse retorno ao estado primitivo, equivalente ao das tribos não bípedes, foi visto, muito provavelmente, como uma desvirtuação feminina, algo insólito, de temer e místico, que elevou os machos relativamente às fêmeas. Foi, talvez, esse sentimento de superioridade que, associado à maior agilidade e liberdade do macho, causou o domínio masculino que só a atualidade está a contrariar. E esse negativismo original esteve na base das grandes crenças, do bem e do mal, com o mal em primeiro lugar e dominando até ao presente: e não foi por acaso que todas as encenações de Deus foram figuradas no masculino, que nas interpretações diabólicas, como do surrealismo de Bosch, surgem a prenhez e o nu femininos, que o pecado mortal saiu da dentada de Eva e a caixa de Pandora libertou todos os males do mundo. E é de admitir que a Família Embrionária, a raiz da sociedade moderna, só nasceu no momento em que a mãe prenha não voltou à locomoção quadrúpede.

Após o Momento Bípede a mãe bípede não se equilibrava de pé com a cria nos braços: porque o peso e o volume do bebé deslocavam o centro de gravidade do conjunto para a frente, projetando-o fora da base de sustentação fixa, no segmento HJ, ou HL. Pelo que o equilíbrio do abraço bípede deu-se muito afastado do Momento Bípede, ou de H, no sentido de H para G: talvez que aí, sentida com o abraço equilibrado a mãe emitiu emotivamente o seu som para filho, codificando-o, na modernização da linguagem. E é credível associar à emergência do sinal maternal uma ocorrência física, o Abraço Bípede, e uma ocorrência sensitiva, a origem do afeto parental, ou familiar, da família a emergir.

Contrariamente, se a mãe fixasse a cria nas costas, mesmo antes e próximo do Momento Bípede, em IH, ou JH, a projeção do centro de gravidade do tronco mais o filho deslocava-se favoravelmente sobre a linha JH, caindo sobre HG, dentro da base fixa ABCD, dando um equilíbrio bípede forçado ao andamento da fêmea não-bípede, ou primata: mas essa habilidade muito improvavelmente aconteceu. O que aconteceu, certamente, foi que o filho, já crescido, saltou para as costas da mãe. Também que o primata não tinha a noção do bipedismo efetivo e seria indiferente ao bipedismo espontâneo da mãe com o filho, não bebé, e que trepou para as suas costas. O que aconteceu, talvez, foi que a mãe bípede, após o Momento Bípede, deixou de ser bípede abraçando o bebé e só readquiriu o equilíbrio do conjunto quando ele cresceu e saltou para as suas costas: e essa evidência incompreendida mas ancestralmente repetida levou à opção de transportar o bebé à retaguarda. E é de admitir que o costume da mulher africana transportar o filho às costas foi aí adquirido.

Depois do Momento Bípede o centro de gravidade do tronco hominídeo evoluiu de H para G atingindo a Verticalidade Bípede (VB), (90 graus). E é óbvio que essa transformação foi muito próxima do presente e muitíssimo afastada do Momento Bípede: ela converteu o Hominídeo no Homem e a Barbárie na Civilização.

Assim que na verticalização aconteceram quatro momentos fundamentais: o Bipedismo Embrionário (BE) em J; o Momento Bípede (MB) em H; o Bipedismo Absoluto (BA), no segmento GH, quando o grupo, sem exceção, ou mesmo com a fêmea prenha, viveu a locomoção bípede permanente; e a Verticalidade Bípede (VB), em G, na amplitude de 90 graus.

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