XV DO PONTO NÚMERO 12 PARA O NÚMERO 13 DA LINHA DA ESTÉTICA. DA VANGUARDA IV PARA A VANGUARDA V DA ARTE. O ANDAMENTO RACIONAL, EM LINHA, DA VANGUARDA I PARA A VANGUARDA V E DO PONTO 1 PARA O PONTO 13 DA ESTÉTICA. A DEFESA AMBIENTAL NA VANGUARDA DA ARTE E DA ESTÉTICA. ARTE CRÍTICA.
Posteriormente a 1963 ocorreram cerca de 44 movimentos artísticos. 1964: Arte Op. 1965: Acionismo Vienense. 1960/79: Instalação. 1960/70: Funk Art. 1960/70: Novo Brutalismo. 1960/70: Formalismo.1960/70: Arte Povera.1960/70: Maximalismo. 1960/70: Body Art. 1960/70: Videoarte. 1960/70: Nova Figuração Brasileira. 1966: Grupo Rex. 1968: Land Art. 1968: Pintura Tingatinga. 1968: Hiper-realismo. 1968: Graffiti. 1970 (?): Neofuturismo . 1970: Conceitualistas de Moscovo. 1970: Sots Art. 1971:Pós-minimalismo. 1974: Arte estrambótica. 1970/80: Apropriacionismo. 1970/80: Street Art. 1970/80: Pattern and Decoration. 1978: Bad Painting. 1978: Grupo Casa 57. 1979: Transvanguardia. 1979 (?): Surrealismo-pop. 1981: Neo-expressionismo. 1982: Homeoestética. 1983: Pitura Cotta. 1980/90: Arte Neo-geométrica. 1980/90: Grupo Casa 7. 1990/00:British Junk Art. 1990/00: Internet Art. 1996:; Arte Relacional. 1999: Stuckismo. 1999: Antiantiarte. 1999: Neo-minimalismo. 2008: Versatilismo. 2011: Google Art Project. 2014: Pop Stram. 2010: Excessivismo. 2019: Arte Quase Bruta ou Arte Crítica. Urge observar quais foram os movimentos significantes e neles qual foi o mais significante. O mais significante deu origem à Vanguarda V da Arte e ao ponto número 13 da Estética.
Foram Insignificantes os 35 movimentos seguintes. Acionismo Vienense. Movimento interventivo usando a provocação aberta à ordem pública. Confronto performativo com os observadores. Confronto aberto com a polícia. Negação total da arte académica e convencional. Uso do obsceno, do imoral e da sujidade orgânica humana nas intervenções. Não foi crítico do artificial, da guerra e do Estado Crítico. Não adquiriu estatuto global e não interferiu no rumo da Arte e da Estética. Funk Art. Centrado na negação da subjetividade do Expressionismo Abstrato defendeu a negação da Arte pela arte inspirado na música Funky. Sumariamente foi um movimento crítico de outro movimento e irrelevante na evolução da Arte e da Estética. Novo Brutalismo. Movimento sobretudo da construção, utilitário e não decorativo usando o betão nu. Teve influência na Estética da Arquitetura. Formalismo. Porque se limitou a negar o Minimalismo, uma variante do Expressionismo Abstrato e da Estética Concetual, a favor duma fantasia barroca e espiritual. Centrado na negação de outro movimento foi esteticamente acrítico. Nova Figuração Brasileira. Porque inspirado na Pop Art negou o Minimalismo a favor da figuração, da cor, da fantasia e da liberdade de expressão artística. Grupo Rex. Arte misturada de diversos movimentos como a Pop Art, o Minimalismo, o Accionismo Vienense e o Assemblage, foi crítico na linha das secessões mas acrítico ao Estado Crítico. Pintura Tinga-tinga. Por ser pintura acrítica, colorida e ingénua da paisagem africana. Hiper-realismo. Foi insignificante porque negou o abstracionismo concetual, opondo o hábil ao crítico e voltando à imitação 1968-1826=142 anos depois da origem da máquina fotográfica. Graffiti. Movimento parietal decorativo, invasivo, rebelde e acrítico. O protesto social e étnico das suas origens, que não é das competências da Arte e da Estética desde o Esteticismo, foi absorvido pela invasão ilegítima. Movimento agressivo em paredes clandestinas e legítimas porque nega a espontaneidade da paisagem ao olhar corrente. Conceitualismo de Moscovo. Movimento de oposição ao Realismo Socialista e de abertura da arte russa à arte ocidental. Foi esteticamente acrítico. Sots Art. Movimento adaptado da Pop Art à crítica à arte russa convencionada politicamente. Foi acrítico ao Estado Crítico, à guerra e ao artificial. Pós-minimalismo. Limitou-se à negação da abstração do Minimalismo. Usou materiais frágeis associados à pintura contra a durabilidade dos materiais minimalistas. Não criticou o Estado Crítico do srtificial e da guerra. Arte Estrambótica. Pintura figurativa acrítica. Inspiração, sem as vertentes negra, surrealista e metafísica, nas pinturas de Hieronymos Bosch e Salvador Dali. Figuras híbridas de humano com animal partindo do corpo humano. Apropriacionismo. Apropriação do que é do outro pelo acréscimo de registos individuais mínimos. Movimento transversal contraditório, no sentido negativo e não artístico, admitiu o plágio favorecendo os pares. Usou a crítica do burlesco contra a crítica artística ou neocrítica. Street Art. Arte variada de entretimento, acrítica, de rua urbana. Pattern and Decoration. Uso dos padrões dos tecidos na composição artística. Elevação a Arte da arte dos tecidos considerada feminina. Minimalismo decorativo contra o minimalismo crítico. Grupo Clube 57. Grupo exclusivamente expositivo aberto a todas as áreas e tendências artísticas. Indiferente ao Estado Crítico e acrítico. Transvanguardia. Opôs-se ao minimalismo concetual do abstracionismo e da Arte Povera a favor do retorno ao figurativo e ao clássico remotos. Uso da colagem de fragmentos de obras de outros artistas para a composição da obra de arte. Movimento conservador e acrítico. Surrealismo-pop. Seguimento da Transvanguardia a favor das artes barroca, maneirista e renascentista. Movimento esteticamente acrítico. Homeoestética. Inexistência de forma e de belo dada pela dispersão dos gostos dos elementos do grupo nascido da rivalidade entre grupos. Sem direção estética e acrítico. Recorrência ao elogio da boémia, da paródia e do riso da irreverência dadaísta inicial. Negação da originalidade artística a favor do alinhamento acrítico paternalista. British Junk Art. Movimento radical da arte do lixo no uso de materiais em decomposição orgânica e sujos do uso e de secreções humanas. Elevação acrítica do decadente ao estético. Arte Relacional. Movimento acrítico centrado nas experiências quotidianas do homem. Stuckismo. Arte critica direcionada e esteticamente acrítica. Negação da interseção Duchamp e Dadaísmo. Defesa da Antiantiarte na negação da Antiarte dadaísta e duchampiana como não-Arte. Antiantiarte. A Antiantiarte do Stuckismo negou Antiarte dadaísta e duchampiana e o Concetual Estético fixado na Vanguarda III. Neo-minimalismo. Negou o Expressionismo Abstrato e a crítica ao Estado Crítico. Pop Stram. Exploração figurativa burlesca, acrítica e híbrida, com o animal e o imaginário centrados na figura humana. Excessivismo. Crítica ao modernismo pela figuração pormenorizada excessiva.
Foram Com Significado os 9 movimentos seguintes. Arte Op. Abstração geométrica acritica dirigida à ilusão ótica. Domínio do olhar sobre a ideia. Limitação ao olhar sem ir ao ver duchampiano. A Op Art vingou como movimento artístico. Instalação. Não foi um movimento e sim uma nova forma de expressão artística exclusiva e misturada de todas as outras áreas da Arte, como o vídeo, a pintura e a escultura. Vingou como meio artístico. Body Art. Arte centrada no corpo humano autoral. O corpo como veículo da tinta para a tela na pintura. Uso do corpo em performances, happenings, na fotografia e no vídeo. Movimento acrítico ao Estado Crítico mas autónomo. Vingou como movimento. Videoarte. Não foi um movimento e sim uma ferramenta tecnológica adotada pela Arte. Neofuturismo. Movimento arquitetónico focado na construção vertical e adimensional. Edifícios de grande altitude respondendo às necessidades urbanas modernas. Movimento do útil, da necessidade do alojamento urbano moderno, da estética da arquitetura. Pittura Colta. Pintura crítica à arte conservadora usando a ironia sobre imagens dos mestres do renascimewnto, do Maneirismo e do Barroco. Uso de paisagens clássicas adulteradas ironicamente com o excesso de cor. Movimento acrítico ao Estado Crítico foi crítico do conservador, do académico e do patrono na Arte negados pela grande maioria dos movimentos desde 1848. Internet Art. A modernização da arte pela informática era uma exigência da era dos computadores. Movimento livre e acrítico do Estado Crítico, do artificial e da guerra. Google Art Projet. O Google, ou uma plataforma cibernética, como meio expositivo universal, era uma exigência moderna dos utilizadores.
Foram significantes os 7 movimentos seguintes. ARTE POVERA. No uso declarado de materiais pobres como papéis, trapos, areia, cartões, terra e jornais, sintetizou a tendência crítica do empobrecimento da Obra de Arte transversal a outros movimentos expressionistas vindos da vanguarda III. Negou o artificial, do industrial, na defesa do Ambiente pelo empobrecimento contraditório da Obra de arte. Elevou o sensitivo sobre o formal na definição da Forma. LAND ART. Arte ambiental e da negação do Estado Crítico: só porque excluiu todos os materiais artificiais usando exclusivamente os da terra. A exclusão do artificial a favor do natural atingiu o limite na substituição da galeria clássica pelo campo/galeria. BAD PAINTING. Afirmação concetual, da Estética do Concetual, posterior às vanguardas III e IV, do Belo do ruim da Forma sobre o belo do ruim da forma. Negou o belo da perfeição e realismo convencionais a favor do Belo crítico. Afirmação do contraditório crítico na Obra de Arte pelo grotesco, o agressivo e o básico da brutalidade humana vindos do Expressionismo Alemão. Reafirmou a forma expressionista agressiva, berrante e feia: não do pessimismo, o oposto ao otimismo, mas da negação artística ao otimismo que trouxe ao Estado Crítico e ao Estado de Emergência da crise ambiental. NEW WILDE ou Neoexpressionismo Alemão. Reclamou as variantes do Expressionismo Alemão como dirigentes da Arte e da Estética pela Pintura. Reclamou a Pintura como dirigente da Arte e da estética no seu tempo: conforme o apuramento estatístico da Arte Moderna. Críticou à bestialidade humana. Domínio do emocional e do subjetivo sobre o formal na análise artística. Seguiu as técnicas livres dos movimentos dominantes, como o Minimalismo, o Informalismo e o Gestualismo, na evolução da Estética moderna. ARTE NEOGEOMÉTRICA. Criticou o consumismo, as tecnologias e o artificial conforme as exigências ambientais da Estética. Simpatia pela pintura de grande formato, na lógica do mamaraxo, com signos soltos sobre fundos coloridos planos. Usou o signo contraditório negando o contraditório humano. GRUPO CASA 7. Seguiu o expressionismo crítico dos movimentos dominantes posteriores a 1945. ARTE QUASE BRUTA ou Arte Crítica. A Arte Quase Bruta, de minha autoria e com o manifesto seguidamente publicado, sintetiza a defesa do Ambiente, a principal prioridade de todos os setores da decisão humana, na vanguarda da Arte e da Estética.
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AArte Crítica, ou Arte Quase Bruta, ao fixar a defesa ambiental como prioridade da Estética determina a Vanguarda V, da Arte, e o ponto 13, da Estética. A crítica que defende é a neocrítica vinda do Expressionismo Alemão da negação da agressão pela imagem agressiva, da negação da guerra pela paisagem destruída pela guerra e do retrato, e paisagem, grotescos afirmando o homem bruto,
e diabólico, que atingiu o Estado de Emergência do Estado Crítico. A sua neocrítica é da crítica da arte abstrata aberta à análise concetual e ao ver sobre o olhar dos domínios dadaísta e duchampiano adotados pela evolução da Arte Moderna seguinte a 1916. Nega, conforme a crítica da maioria dos movimentos, os princípios da Arte Contemporânea que trouxeram ao Neoneokitch, à falsificação da Obra de Arte e à sua valorização paternalista e especulativa. Agrega à crítica da Arte, vinda de Aristóteles de há cerca de 2400 anos, a crítica ao artificial, vinda de Barbizon, e à guerra, vinda do Dadaísmo, presentes no Abstracionismo Pollockiano, ou Abstracionismo Concetual, máxima no Sun In Your Head e inexistente em nenhum dos outros movimentos posteriores à Vanguarda IV. Na crítica á guerra e à saturação ambiental luta contra o Estado de Emergência como um estado global de guerra: que é o que as associações ambientalistas, alinhadas na política geral das nações e das outras organizações, não fazem. A Arte Quase Bruta é, sinteticamente, a Arte Crítica pela neocrítica da arte Moderna. E é da Arte Crítica ao homem em queda pelo Objeto-em-Queda depois do Ready-made, depois do hábil, do grácil e do decorativo, no lado oposto da linha que nasceu há cerca de 2400 anos com a imitação de Sócrates.
Em 1848, inspirados na pintura de Jonh Constable, os pintores da Escola de Barbizon elegeram a Natureza pintando-a diretamente no campo.(1) A Natureza, sobre a Natureza Humana, fixou-se, a partir daí, na Arte. Esse domínio expressou-se na arte fundamental: por Pablo Picasso: Guernica traduziu o animal sobre o homem no humano; o grito, de O Grito, de Edvard Munch, foi o grito da Natureza sobre a Natureza Humana; e A Fonte, de Marcel Duchamp, representou o Homem Poluidor da Natureza (ou poluidor ambiental) sobre todas as variantes que lhe associaram. O Ambiente, motivo primeiro da preocupação global de hoje, não é de hoje na Arte: é dos princípios da Arte Moderna nascida da consciência do domínio da Natureza sobre o Homem. William Morris, na década de 1880, na Inglaterra, fundou o movimento Arts & Crafts preocupado com a poluição industrial crescente.(2) A Arte Quase Bruta impõe-se como corrente artística consciente do Problema Ambiental e sintoniza a preocupação global do século XXI com a evolução da Arte e da Estética.
A evolução da Arte Moderna, das correntes mais plásticas e geométricas, como o Fauvismo e o De Stijl, às mais interventivas, como o Accionismo Vienense e o Fluxus, às exclusivamenre reivindicativas, como as secessões de Berlim e de Viena, opôs-se à arte imposta por pares, ou grupos, académicos, mercantis e institucionais. Contudo, a Arte Contemporânea, iniciada na década de 1940 (?) para o domínio artístico de hoje, é dos pares: em tudo idênticos aos antigos, aos que a Arte Moderna, de sua origem, se opôs. A Arte Quase Bruta opõe-se às corporações elitistas a favor da verdade da Arte e da Estética e elege a Obra de Arte na origem: antes do Expositor, do Curador e do Crítico.
A evolução da Arte Moderna, sobretudo pela Pintura
(disciplina dominante na quase totalidade dos movimentos artísticos modernos
(> 174)), convergiu no extremo oposto do realismo, no Conceptual: na ideia.
A Arte é, consequentemente, ideia. E se a Arte é ideia um novo movimento
artístico tem de nascer da ideia e não de um bando eleito, artístico,
académico, ou de cabaré. E a Arte Quase Bruta, deste manifesto, nasceu da
ideia; da minha ideia sobre a pintura de Eusébio Almeida em consonância com as
exigências da Arte e da Estética: original, conceptual no significante,
não-neutra. A Arte Quase Bruta é da ideia: da Estética, da Arte e da
maximização cognitiva que o Homem atingiu na atualidade.
Arte Quase Bruta para uma corrente artística
nasceu dessa mesma inscrição no quadro O Mendigo Revoltado de 2017 (e
recorrente noutras obras) do Pintor Eusébio Almeida. Arte Quase Bruta e outras
inscrições, como Ninguém é Obrigado a Ser Feliz, O Naufrágio da Europa, Poesia
Ortopédica e Masturbação Mental, são
signos linguísticos e
contraditórios da Obra de Arte e do estado atual. Hoje, século
XXI, quando a Arte evoluiu para o conceptual, a arte de vanguarda é do
Conceptual: não do conceptual direto, o que se concebe no fazer comum, mas do
conceptual que transcende os significados
e o comum, do significante, ou contraditório. O
Conceptual é da crítica significante na era do Estado Crítico onde o Homem,
pelo aquecimento global, nega o poder regenerador da Terra. A Arte Quase Bruta
é do Antropoceno contra o Antropoceno.
O Mendigo Revoltado refere-se ao homem preso no mundo livre (?) em que nasceu. O Mendigo Revoltado remete para a alienação social que inclui a artística, dos cartéis, ou corporações, onde entra no lugar da originalidade o não-original, no lugar da Arte a não-Arte e no lugar da força a apatia, dos pares. O Mendigo Revoltado é do tempo do ver sobre o olhar quando domina o olhar sobre o ver. O Mendigo Revoltado impõe a razão estética na análise da Obra de Arte. É essa razão, dada por aquilo para que a Estética evoluiu, que eleva o ver duchampiano sobre o olhar retiniano. O Mendigo Revoltado é do homem conceptualizado pelo Estado Crítico nascido do projetado, do programado e do calculado. O Mendigo Revoltado é da era da esperança individual máxima e da esperança coletiva mínima. A Arte não morreu e, contrariamente, dá voz ao Mendigo Revoltado e à Arte Quase Bruta.
A Arte Quase Bruta parte, basicamente, da
agressividade, ou não-passividade, das composições como signos que podem ser ou
não enriquecidos pela grafia contraditória. O signo artístico é o sinal
dinâmico e crítico sobre o sinal estático: do significante sobre o significado
e do contraditório sobre o direto. O significado, que implica o insignificante
e o direto, são do sinal estático, decorativo e acrítico; e o significante com
o contraditório são da Estética, da Arte e do signo crítico. São o significante
sobre o significado e o contraditório sobre o direto que abrem a Obra de Arte
às ideias, ao Conceptual, partindo da crítica artística. A composição estática,
como símbolo, ou sinal, sem signo, não é Obra de Arte: não é Arte. É a presença
consciente do signo na Arte Quase Bruta que a faz da vanguarda artística
Uma lata brilhante, limpa e intacta, pode ser
exposta como arte; uma lata inutilizada, pisada, suja e enferrujada, com encaixe
expositivo, pode ser exposta como Obra de Arte: a Obra de Arte tem a referência
à Natureza na queda, significante, do fabricado na Terra, que a arte, do
direto, não tem. A lata brilhante é um sinal passivo, direto e estático, do
fabricado. A lata enferrujada está entre o fabricado e a Terra: é não-passiva,
dinâmica e analiticamente agressiva, um signo. Um sinal, ou um símbolo,
representa um estado e um signo representa uma variação de estados limitados
pela insegurança, o desequilíbrio, a incerteza e o medo: não do autor mas do
que o rodeia no enfoque da crise ambiental global. É o alargamento crítico do
signo que o faz dinâmico contra a localização estática do sinal. Se a lata
intacta é um representante direto do fabricado uma pedra, um ramo de árvore, ou
um arbusto caído são representantes diretos da Terra: também insignificantes. A
lata brilhante, limpa e intacta, e a pedra, o ramo ou o arbusto expostos no
espaço mais conceituado, não ultrapassam a condição de não-Arte, ou arte. A
lata pisada e enferrujada, transposta do inútil, ou decadente, para o útil, é
uma Obra de Arte.
A arte pode ser do objeto pronto, ou Ready-made, e a Arte é do objeto caindo na Terra, o Objeto-em-queda (In The Fall). A lata brilhante, limpa e intacta, o objeto pronto, pode ser exposta como arte e a lata inutilizada, pisada, suja e enferrujada, o Objeto-em-queda, pode ser exposta como Arte. O Objeto-em-queda será um Ready-made elaborado: ou não simplificado. O aproveitamento do Ready-made simplificado, com todas as variantes básicas e negativas, anti-Arte, anti-Estética e acrítico, está por detrás do Neokitch e do Neoneokitch da Arte Contemporânea: nele domina o paternalismo, o elitismo e a elevação do mediatizado a Arte que a Arte Modena negou. O Ready-made simplificado elevou-se a elaborado, ou Objeto-em-queda, pela A Fonte de Marcel Duchamp.
O Urinol, de Marcel Duchamp, elevou-se de arte a Arte pelo poluídor sobre o decorativo que não é: ascendeu artisticamente na ascenção de objeto pronto a objeto caindo; quando o mijadouro, o símbolo poluídor, sintetiza a queda dos objetos na Terra. Os outros objetos prontos de Marcel Duchamp têm um alcance mediático muito menor que o Urinol: porque o Urinol expõe-se para o ver, ou olhar duchampiano, dobra-se sobre si na sua crítica de base, e os outros expõem-se para o olhar comum: e esse critério, especificamente analítico, domina sobre todos os outros na classificação da Obra de Arte.
A evolução da Arte Moderna foi a dispersão do Eu e
a fuga ao realismo, ao académico e à técnica. A Obra de Arte não é a que traduz
um objeto, uma paisagem, uma narrativa, ou a abstração aderente ao artista ou
aos outros sem ir mais além. A Obra de Arte não vem da aprendizagem técnica ou
académica
e sim do que as transcende criticamente. A Obra de Arte é contrária ao decorativo porque a evolução da Arte e da Estética (por mais de 167 movimentos artísticos modernos) assim o determinou. E o Artista não é o que o patrono identificou e sim o que encontrou a sua identidade no progresso estético e artístico. Uma identidade transversal à originalidade, à crítica ambiental e ao expositivo. Pela dispersão do Eu a Arte, indo a Entidade, vai do local ao geral e do indivíduo à espécie.
A evolução particular partindo da precisão matemática e laboratorial conduziu à imprecisão geral. O domínio científico, feito de acréscimos locais, trouxe ao conflito geral: do Homem contra o Homem e do Homem contra a Natureza. A mesma Natureza que os pintores de Barbizon colocaram (conscientemente na abordagem plástica e inconscientemente na transformação estética) na representação artística: quando antes, e desde sempre, era secundária e menor. A evolução da técnica para a não-técnica e da abstração plástica para a abstração critica impõe a Natureza como do significante, na Arte. O aquecimento do efeito estufa e a saturação ambiental estão no limite da evolução académica a que a Arte, da era moderna, se opôs e opõe, com o intenso, o abrasivo e o simplório, do não-neutro, traduzindo o que domina e é dominado e decai progressivamente. A evolução e a involução nas coisas gerais e o contraditório e o significante na Arte e na Arte Quase Bruta no tempo do homem duplo: sábio e bruto.
Na não-técnica a Pintura evoluiu para a exploração plástica, da experimentação dos materiais (Antoni Tàpies) contra a certeza, ou precisão, da técnica. A Forma da Estética tornou-se significante contra os significados das formas das técnicas e das estéticas. Transpondo a beleza objetiva da técnica e das estéticas a Arte atingiu o Belo da abstração subjetiva e da Estética. O Gosto, do presente sobre o do passado, é do Belo do significante e do contraditório, do Concetual, ou Forma. A Arte evoluiu da imitação alegórica de Sócrates, da técnica, para a não-imitação, da não-técnica. A Estética evoluiu do belo metafísico (contrário à Natureza) de Platão para o belo racional de Aristóteles, para o belo artístico de Baumgarten e o Belo Concetual (favorável à Natureza) da Arte Quase Bruta. É o impulso ambiental que eleva a forma, o gosto e o belo a Forma, a Gosto e a Belo. A Arte Quase Bruta fixa o Concetual, dotado da defesa do ambiente, na Forma, no Gosto e no Belo da Estética e da Arte.
No princípio o homem utilizava os objetos da Natureza, ou a Forma Bruta. Com a evolução primitiva da habilidade manual surgiu a Forma Hábil. Depois as exigências ornamentais levaram à Forma Grácil. Seguiu-se a Forma Estética (Platão), a Forma Artística (Alexander Baumgarten) e a Forma Concetual, da Arte Crítica ao artificial e da Arte Quase Bruta. A Forma da Estética veio da evolução das formas bruta, hábil, grácil, estética, artística e crítica do artificial, do primário grotesco (não-ideológico) para o final ideológico: o que agrega, indiscutivelmente, o Concetual à ideia. Pela Forma Concetual, do contraditório, do significante e do crítico a Arte Quase Bruta dilui-se no que a precedeu no respeito pelo domínio do que nos envolve, da Natureza sobre a Natureza Humana. A Natureza do bosque de Fontainebleau plastificou-se no Impressionismo, expressou-se no Grito de Munch e cristalizou-se no Concetual da Arte Quase Bruta fechando o ciclo, ou círculo, do fim ligando-se ao princípio, pela Arte. O Hábil e o Grácil, associados à forma, ao belo e ao gosto, foram transpostos: e a presença do Hábil e do Grácil nos 2400 anos de Arte seguintes a Apeles foram da evolução da técnica na não-técnica. A Estética e a Arte, pelo Concetual (que inclui a Forma Bruta: não pelo uso dos materiais e imagens naturais e sim do seu contrário, o sintético: do bruto), deram um passo além da arte e da estética utilitárias e ornamentais.
Pelo desenho, a fotografia, o vídeo, as artes, ou a técnica, pode-se mostrar o submarino nuclear naufragado em 1989 no mar de Barents:(3) mas não se pode mostrar a radioatividade que irradia e irradiará sempre no ambiente marítimo e global.(4) E pode-se mostrar a central nuclear de Almaraz: mas não se podem mostrar as cinzas radioativas que blindou nem a radiação que lançou e lança no Tejo contra as suas fauna e flora. Mas uma marinha alterada, corrosiva e deformada pode sugerir e representar a contaminação radioativa do K-278; mas a chuva de Máscaras Bizarras, do expressionismo de Susana Rosa, pode sugerir e representar as águas radioativas que as torres de arrefecimento de Almaraz lançaram e lançam no Tejo: tudo depende do olhar, que vai de acrítico a crítico, de quem observa. A Arte tende a representar, no não metafísico, não espiritual e não metafórico, o que as artes não atingem. O Mural, a primeira abstração pollockiana, foi executado em 1943 e as bombas atómicas little boy (urânio-235) e fat man (plutónio-239) que arrasaram a cinzas as cidades de Yroshima e Nagasaki foram em 1945:(7) (8) mas o salpicado de O Mural pode sugerir e representar os destroços atómicos das duas cidades distantes de si dois anos. E a abstração pollockiana vai mais longe: ela, o jardim cáustico, sugere, ou representa, o caos: o ponto distante (?) para que tende o Estado Crítico. O olhar do observador sobrepõe-se ao olhar do criador e o seu presente sobrepôe-se ao momento da criação: numa transcendência dupla: analítica e temporal. É essa duplicidade, da abertura presente na Obra de Arte, que eleva a abstração concetual ao Cocetual Abstrato. O Mural foi feito num ato rebelde de Jackson Pollock face às exigências de Peggy Guggenheim: não teve, na sua origem, nenhuma finalidade crítica e nenhum impulso expressionista: foi o andamento do tempo e da Estética, na conversão do gosto em Gosto, pela Razão, que sobrepôs o olhar crítico ao acrítico da abstração inicial dinamizando-a artisticamente.
O homem evoluiu para a tecnologia e a cognição contraditórias no tempo do aqueciento glogbal e de mais calor artificial.(9) Na tecnologia, enquanto a crise ambiental, o homem entrou no Estado Crítico: da queda para o caos. Na cognição contraditória o homem entende o Estado Crítico e não o nega oportunamente. Na era científica, da cognição e da tecnologia, os rebentamentos do dia a dia, dos testes nucleares e da guerra libertam, na forma de calor, a energia inerte da matéria: calor que não se perde e se acumula na estufa do aquecimento global. A Arte no Estado Crítico tem de expressar-se contra o Estado Crítico: não pode ser a arte que o precedeu. A Razão, da Estética e da Arte Quase Bruta, é da negação do Estado Crítico e não do que o originou.
A Arte Bruta (1945) é a arte criada por artistas portadores de carências mentais, ou por outros (como Jean Dubuffet, seu fundador), imitando-os.(12) Contrariamente a Arte Quase Bruta é a arte feita por artistas conscientes, ou não alienados, sobre a alienação humana, o estado moderno e da aproximação ao Caos. O mesmo consciente que impõe o contraditório e o significante na Arte e vê o Urinol, de Marcel Duchamp, não como um objeto metafórico e mediatizado e sim como o símbolo poluidor, entre a micção humana e a Terra. Na Arte Quase Bruta o domínio do consciente sobre o neutro traduz a ideia sobre a não-ideia, o absurdo e a anarquia artística e estética. O grito da Natureza, de O Grito, de Edvard Munch, o sofrimento de todas as mulheres, de Mulher Chorando, de Pablo Picasso, e o grotesco invertido, do Belo contra o belo, de Mais Loiras, de Georg Baselitz, são consciências expressionistas tendentes ao significante artístico da Arte Quase Bruta, ou Arte Crítica, de mim mesmo, de Eusébio Almeida e de Susana Rosa deste manifesto.
O Grito, de Edvard Munch, Mulher Chorando, ou Guernica, de Pablo Picasso, Fantasma com Mascara, de Karel Appel, e Retrato do Papas Inocêncio X, de Francis Bacon, são pinturas sugestivas na agressividade da bestialidade humana. O Expressionismo lançou a critica a besta usando o agressivo que combatia: uma crítica indireta, ou neocrítica, da Arte. Pelos métodos críticos convencionais, a oralidade e a escrita, a crítica é feita diretamente pela palavra. Não ao artificial! Não à guerra! Não ao caos! Mas a palavra só é utilizada no contraditório, no sentido crítico indireto, em algumas correntes artísticas porque a Arte comunica pelos signos e não pelos sinais. Quando o sinal, como o linguístico, vai a signo, do convencional para o artístico, a crítica vai do direto ao indireto: a neocrítica. A Arte Quase Bruta é a Arte Crítica ao caos ambiental pela neocrítica
NOTAS DO MAQB
1 https://pt.wikio vídeo de 1963, de Wolf Vostel, e pedia.org/wiki/Escola_de_Barbizon
2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Arts_%26_Crafts
3 https://pt.wikipedia.org/wiki/K-278_Komsomolets
4 A meia-vida do plutónio 239 é 24000 anos e a meia vida do urânio 235 é 703800000.(5) (6) A meia-vida obedece a uma progressão geométrica de razão 1/2. 100 quilos de resíduos nucleares de plutónio-239 reduzem-se a 50 quilos decorridos 24000 anos, a 25 quilos decorridos 48000 anos, a 12,5 quilos decorridos 72000 anos e assim sucessivamente, nunca atingindo o zero e mantendo-se sempre a radioatividade e a libertação de calor. 100 quilos de resíduos de urânio-235 reduzem-se a 50 quilos decorridos 703800000 anos, a 25 quilos decorridos 1407600000 anos, a 12,5 quilos decorridos 2815200000 anos e assim sucessivamente, nunca atingindo o zero e mantendo-se sempre a radioatividade e a libertação de calor.
5 https://pt.wikipedia.org/wiki/Plut%C3%B4nio-239
6 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ur%C3%A2nio-235
7 https://en.wikipedia.org/wiki/Mural_(1943)
8 https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeamentos_at%C3%B4micos_de_Hiroshima_e_Nagasaki
9 As bombas little boy e fat man detonaram o equivalente a 15+21=26 quilotoneladas (10^3) de TNT. Uma tonelada de TNT liberta 4,184X10^9 Joules de energia e um joule de energia equivale a 0,00053 graus centígrados de calor.(10) (11) Uma tonelada de TNT liberta (4,184X10^9)X0,00053=2,21752X10^6 graus centígrados de calor. As duas bombas atómicas libertaram para a atmosfera do aquecimento global cerca de 26X10^3X2,21752X10^6=7,983072X10^10 graus centígrados de calor. As detonações de TNT na segunda guerra mundial libertaram cerca de 2,264040X10^13 graus centígrados de calor. A tsar bomb detonou o equivalente a 57 megatoneladas (10^6) de TNT.(11) O calor que libertou foi 57X10^6X2,21752X10^6=1,2639864X10^14 graus centigrados de calor. A tsar bomb, um teste atómico num só segundo, lançou mais de 5 vezes mais calor para a atmosfera do aquecimento global que uma infinidade de detonações (por terra, mar e ar) de TNT nos 6 anos da segunda guerra mundial.
10 https://pt.wikipedia.org/wiki/Equivalente_em_TNT
11 https://citizenmaths.com/pt/energy-work-heat/joules-to-celsius-heat-units
12 https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_bruta
Abrantes, 28 Maio 2025.
Arsénio Rosa