ORIGEM DA LINGUAGEM ARTICULADA
A
linguagem de L1 teve de acontecer numa comunidade pequena. Isso porque o Tropo
teve de nascer, implantar-se e divergir, de um ponto, que não podendo ser um
indivíduo foi um pequeno grupo. Na linguagem moderna uma ideia nasce de um
indivíduo e diverge dele; mas o Tropo original não foi uma ideia, não foi um
sinal “criado”, foi um fenómeno antropológico, de convenção de um hábito comum,
que divergiu de uma comunidade e não de um indivíduo: e os indivíduos
intervenientes tinham de viver agrupados. Essa comunidade foi a primeira
sociedade antropológica e esteve distante das tribos primitivas quanto o esteve
a Linguagem Articulada. E por essa distância dos níveis afetivo e familiar esse
grupo só se agregou por razões físicas, laterais à vivência florestal e impostas
pelos rigores do tempo, na necessidade de abrigo; e a isso, associado ao
carácter contracto do agrupamento, só responde um abrigo natural, sólido e
duradouro: uma gruta.
Também
que uma gruta como abrigo do grupo fundador da Linguagem Articulada concorda
com um pormenor paralelo da evolução individual seguinte a J2: o controlo dos
esfíncteres. Pelo controlo dos esfíncteres antes dos 2,5 anos de idade61
a criança transpõe o estado incontinente que tinha desde o nascimento da mesma
forma que, remotamente, ao saturar-se o ar fechado e húmido da gruta, com
defecações acumuladas, o primata comunitário sentiu-se obrigado a suster as
necessidades correndo para o exterior, num esforço impulsivo e depois
voluntário contra os esfíncteres, oposto ao seu estado anterior de animalidade.
O controlo antropológico dos esfíncteres assim como a origem da Linguagem
Articulada exigiram uma comunidade remota: a mesma, muito provavelmente. Talvez
que o primata, carente de frutos e bagas por ter optado pela segurança e o abrigo
da gruta distante da floresta, incluiu carne na alimentação (como necrófago),
expelindo fezes não neutras como as do passado, saturando ao insuportável o
recinto, ao mesmo tempo que o modo de vida reservado e coeso lhe imprimiu outro
impulso à comunicação. Como o primeiro tropo surgiu da convenção de um hábito é
admissível admiti-lo na imposição de uns aos outros do controlo fecal. Com
efeito, a criança sustém os esfíncteres para dar prazer à mãe como o primata os
susteve por exigência comunitária, dando prazer ao grupo a que pertencia: e
obviamente que o esforço repetido transitou de involuntário para voluntário no
crescimento ancestral.
Com
a negação, iniciada aos 1,25 anos, a criança substitui a ação pelo Verbo que só
se afirma, efetivamente, na crise comportamental da oposição seguinte aos 3
anos, depois do controlo dos esfíncteres. Depois de controlar os esfíncteres e
da iniciação da linguagem o primata converteu-se em Primata e evoluiu para o
Verbo. A transversal L1L2 liga os pontos do controlo dos esfíncteres e da
transição da animalidade física na higiene comunitária do indivíduo e do homem,
como demarca neste a abertura para o Verbo e naquele a sua aproximação.
Não
havendo razões para que a Linguagem Articulada, um fenómeno embrionário,
acelerasse a evolução, esta seguiu contornando o mesmo coeficiente, 1,2200 x 106,
das transformações anteriores. Contudo, há dois pormenores que levam a uma
pequena alteração: 1) Sendo já o terceiro coeficiente na mesma grandeza, e da
esquerda para a direita dar-se o decréscimo sucessivo, admite-se a troca do
sinal de maior pelo de menor; 2) O facto de o controlo dos esfíncteres ser
anterior aos 2,5 anos do crescimento da criança sugere um recuo de L1 em A1E1,
que nega a alteração admitida do sinal de maior para menor: donde concluir-se
como muito razoável optar pelo sinal de igual. Assim que KLE = 1,2200 x 106.
L2E2 = 23 – 2,5 = 20,5 anos.
KLE = L1E1/L2E2
1,2200 x 106 = L1E1/20,5
L1E1 = 1,2200 X 106
X 20,5
L1E1 = 25,010 X 106
anos.
25,01 milhões de anos.Uma distância extraordinária
para o nascimento da linguagem, mas no seguimento às outras distâncias
extraordinárias. Foi ela, associada à influência hereditária, um comprimento
também extraordinário que originou, que levou a que todos os indivíduos (exceto
os que têm carências cognitivas profundas) aprendam a linguagem oral, mesmo que
minimamente. A Linguagem Articulada surgiu há 25,0100 milhões de anos, o
Pensamento Numérico há 1,1231 milhões de anos e a Escrita há 8000 anos. E é
nessa mesma ordem que o indivíduo cresce: primeiro aprende a linguagem oral,
depois a aritmética e por último a escrita. No muito grande universo dos que
aprendem a linguagem oral há um subuniverso, os que têm carências cognitivas e
aprendem o mínimo, que não ultrapassam a aritmética elementar, como contar e
somar moedas, e neste ninguém aprende a escrita. O grau de dificuldade dos
fenómenos cognitivos fundamentais obedece à distância evolutiva paralela: a
oralidade é fácil, o pensamento numérico elementar é menos fácil e a escrita é
mais difícil. E se as dificuldades coletivas da apreensão dos três fenómenos
fundamentais obedecem à mesma ordem individual de os dominar isso diz-nos,
inequivocamente, que a evolução individual é paralela à evolução genérica e que
as aptidões particulares para os seus domínios respeitam a capacidades
cerebrais inatas, intuitivas e hereditárias, desenvolvidas pelos tempos
ancestrais da evolução.
Sem comentários:
Enviar um comentário