ORIGEM DA
ARTE PARIETAL
Vamos ordenar na ordem decrescente,
partindo dos 6 anos infantis correspondentes, no paralelismo, aos 8000 anos da
Escrita Embrionária, as idades da evolução gráfica da criança.
1,5
anos: Interesse por riscos. 2 anos:
Ímpeto na execução de garatujas. 2,333
anos: riscos circulares, esboços de traços angulosos, riscos, pontos e manchas.
3 anos: As garatujas simplificam-se
e surgem novas formas básicas, como cruzes, círculos e linhas de delimitação do
espaço da folha. 3,5 anos:
Surgimento das primeiras imagens figurativas. 3,833 anos: Automatização do grafismo e tomada de consciência do
desenho em linha da escrita do adulto. Transferência do grafismo do desenho
para a escrita. 5,5 anos: Aperfeiçoamento
do desenho que se torna uma composição deliberada de grafismos expressando uma
realidade consciente ou inconscientemente pretendida.
Para posicionarmos esses momentos da
evolução gráfica infantil na evolução da Arte Parietal vamos encontrar as
idades paralelas da criança aos extremos dos períodos cronológicos de
Leroi-Gourhan. Os resultados das interpolações apresentam-se num só esquema.
Como o desenvolvimento do cálculo já foi exemplificado apresentam-se só os
resultados para K, M2E2 E N2M2, este comprimento correspondente à idade
infantil.
De (K4 – 333,3333) / (52000 – 5000) =
(88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K4 =
2471,2236, M2E2 = 21,0422 anos e N2M2 = 1,96 anos.
De (K5 – 333,3333) / (32000 – 5000) =
(88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K5 =
1561,0951, M2E2 = 20,4984 anos e N2M2 = 2,50 anos.
De (K6 – 333,3333) / (22000 – 5000) =
(88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K6 =
1106,5964, M2E2 = 19,8808 anos e N2M2 = 3,12 anos.
De (K7 – 333,3333) / (17000 – 5000) =
(88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K7 = 879,1928,
M2E2 = 19,3359 anos e N2M2 = 3,66 anos.
De (K8 – 333,3333) / (12000 – 5000) =
(88804,6889 – 333,3333) / (1,95 x 106 – 5000) vem que K8 = 651,7224,
M2E2 = 18,4127 anos e N2M2 = 4,59 anos.
De (K9 – 333,3333) / (10000 – 5000) =
(88804,6889 – 333,3333) / (1,95 X 106 – 5000) vem que K9 = 560,7661,
M2E2 = 17,8327 anos e N2M2 = 5,17 anos.
Ao período Pré-figurativo da Arte
Rupestre, de há entre 52000 e 32000 anos, corresponde, no paralelismo da
evolução, o período entre os 1,96 e os 2,5 anos do desenvolvimento da criança.
Ao período Primitivo, entre há 320000 e 22000 anos, corresponde o período
infantil de extremos 2,5 e 3,12 anos. Ao período Arcaico, entre há 22000 e
17000 anos, corresponde o período infantil maior que 3,12 e menor que 3,66
anos. Ao período Clássico, de extremos 17000 e 12000 anos, corresponde o
período infantil dos 3,66 aos 4,59 anos. E ao último período, limitado por
12000 e 10000 anos, corresponde o período entre 4,59 e 5,17 anos da evolução
individual.
O ponto 1,5 anos do desenvolvimento
infantil transcende, paralelamente, o tempo da classificação arqueológica da
arte primitiva, porque se situa à esquerda do intervalo entre 1,96 e 5,17 anos.
Essa transcendência (a calcular depois) é grande, porque os afastamentos
genéricos crescem exponencialmente quanto aos intervalos da evolução
individual, com a diferença 1,96 – 1,5 = 0,46 anos muito significante. O ponto
5,5 anos ultrapassa o intervalo infantil à direita não tendo paralelo no tempo
total da classificação genérica, que varia entre os 52000 e os 10000 anos. O
que significa que a grafia embrionária do homem primitivo, equivalente à
entrega inicial da criança aos riscos, ocorreu muitíssimo antes dos 52000 anos,
e que a correspondência aos 5,5 anos infantis, onde acontece a objetivação do
desenho, se situa aquém dos 10000 anos e além dos 8000, da Escrita Embrionária,
correspondente à idade de 6 anos.
Os dois pontos infantis, 2 e 2,333 anos,
pertencem ao intervalo entre 1,96 e 2,5 anos, a que corresponde o período
Pré-figurativo. Efetivamente, aos 2 anos, a criança traça garatujas com ímpeto,
e aos 2,33 anos esboça traços angulosos, riscos, pontos e manchas, fenómenos
gráficos pré-figurativos. O ímpeto aplicado pela criança na execução de
garatujas pelos 2,333 anos obriga ao domínio da mão sobre o marcador;
igualmente, o homem do período
Pré-figurativo, aquém dos 52000 anos, tinha de ter destreza manual, ao ponto de riscar, de forma ritmada e não casual, ossos e pedras, que chegaram até ao presente: na criança há o exercício de 2,333 – 1,5 = 0,833 anos experimentais e no homem primitivo a experiência ancestral de traçagens horizontais, para os domínios adquiridos.
Pré-figurativo, aquém dos 52000 anos, tinha de ter destreza manual, ao ponto de riscar, de forma ritmada e não casual, ossos e pedras, que chegaram até ao presente: na criança há o exercício de 2,333 – 1,5 = 0,833 anos experimentais e no homem primitivo a experiência ancestral de traçagens horizontais, para os domínios adquiridos.
O ponto infantil 3 anos pertence ao
intervalo de extremos 2,50 e 3,12 anos, paralelo ao período Primitivo, já
figurativo, entre os 32000 e os 22000 anos. Pelos 3 anos a criança, além de
simplificar as garatujas e delimitar espaços com linhas amplas, desenha cruzes
e círculos básicos. Ao delimitar o espaço da folha ela assume a noção de espaço
anterior à de profundidade e fundamentais à realização geométrica. O círculo
que traça já não é o círculo pré-figurativo dos novelos de garatujas e
demonstra um salto no seu desenvolvimento. Os seus desenhos não são figurativos
mas são geometrografias elementares que, depois, com o quadrado, o triângulo, o
cubo, a pirâmide e o cone, apontam à geometria moderna, da Arquitectura, do Design e da Arte.
Aos 3,5 anos surgem as primeiras imagens
figurativas. Essa idade enquadra-se no intervalo entre os 3,12 e os 3,66 anos
cujo paralelo genérico é o período Arcaico, entre há 22000 e 17000 anos, de
representações simplificadas mas mais desenvolvidas que as da fase anterior.
Igualmente as primeiras figurações infantis são arcaicas, mas muito menos
primitivas no envolvimento geométrico, de graciosidade pueril composta das
linhas, pontos, riscos e círculos, dos estados que transpôs.
Os 3,833 anos da criança situam-se entre
os 3,66 e os 4,59 anos a que corresponde o período Clássico limitado por 17000
e 12000 anos. No período Clássico houve um progresso no tratamento dos
pormenores e nos 3,833 anos infantis atinge-se a automatização gráfica e a
consciência do desenho em linha da escrita do adulto. Paralelamente os
simbolismos pré-linguísticos, já compreendidos como tentativas de escrita, como
a «Inscrição de La Pasiega», enquadram-se nessas distâncias, embora os signos
isolados, ditos tectiformes ou claviformes, marcarem presença antes.
Como a arte primitiva transitou da
postura horizontal para a vertical houve um momento em que a transição ocorreu.
E se a Arte Parietal remonta aos limites dos períodos Pré-figurativo e
Primitivo essa transição deu-se entre há 52000 e 32000 anos. Existem dois
momentos da evolução infantil enquadrados no paralelismo desse tempo, 2 e 2,333
anos; não podendo ser irrelevante a existência de dois momentos no
enquadramento quando nos outros só existe um: o que sugere que o segundo, 2,333
anos, respeita a essa transposição.
O primeiro momento, 2 anos, referente ao
ímpeto na execução de garatujas, corresponde (com K = 2380,4854, M2E2 =
21,00412 anos e N2M2 = 1,9959 anos) à distância de 50000 anos, não deixando de
concordar com o extremo mais afastado, embora com uma diferença de 2000 anos.
No paralelismo literal, talvez que, nessa lonjura, o homem primitivo assumiu,
nos rituais do dia-a-dia, uma aptidão que havia muito praticava irregularmente:
traçar no chão.
O segundo momento, 2,333 anos, referente
ao início do grafismo geométrico infantil, corresponde (com K = 1766,0668, M2E2
= 20,667437 anos e N2M2 = 2,3326 anos) à distância de 36500 anos. Talvez que,
aí, depois de mais de 50000 – 36500 = 13500 anos de exercitações horizontais, o
homem primitivo, praticamente vertical e no face-a-face com superfícies
verticais, passou a riscá-las. (“…ao longo de centenas de milénios da nossa
evolução, o volume do cérebro sofreu um aumento progressivo. Em harmonia com
este aumento de volume, evoluiu também algo cada vez mais semelhante à
consciência de nós próprios e do mundo que nos rodeia, até que, há cerca de
35000 anos, emergiu o ser humano… De tal maneira que, em determinados lugares,
os homens começaram a criar obras de arte duradouras, pinturas rupestres,
gravações, esculturas e modelagem…” (Jordan, 2003, p.25); “Há 45 ou 35 mil
anos, conforme as regiões do mundo, a arte rupestre, da qual um primeiro brilho
trazido por umas cúpulas indianas alumiara a noite dos tempos, nasce ainda do
encontro de uma capacidade e de uma necessidade: uma capacidade cognitiva…
resultado também da acumulação das experiências e das aquisições no decurso dos
milhões de anos da sua história; uma necessidade nascida de contextos locais
particulares… suscitando crenças e práticas rituais…” (Lorblanchet, 2009,
p.72)). E fê-lo com duas novidades: de pé e com regularidade. O fenómeno da
regularidade, emergente dos ritmos originais, foi fundamental às determinações
artísticas do homem como o é na criança. Riscou paredes moles como desde tempos
imemoriais riscava o chão de terra, com o dedo, uma cana ou um pau, e as
interiores, de pedra, com pigmentos espontâneos e carvão.
“Não encontramos vestígio algum de arte
no Paleolítico Médio (100000 a 50000 anos a. C.), salvo as cores que por vezes
se encontram nos locais onde habitou o homem. Entretanto, ossos regularmente
entalhados, assim como cavidades em forma de cálices, escavadas na rocha e
frequentemente agrupadas duas a duas, traduzem já uma preocupação de ritmo.
Pobres tentativas, supremos esforços desse homem tão primitivo do Neandertal
que, antes de desaparecer para ceder lugar ao Homo sapiens, entrevia num vislumbre todo um mundo estético que era
incapaz de criar.” (Mauduit, 1959, p. 86).
Foi há 50000 anos que se transitou da
irregularidade para a regularidade das traçagens no chão. Aí a mão já era hábil
na manobra de um riscador. O riscador substituíra o dedo na representação da
ideia simples num desenho; o pau, utilizado correntemente desde o derrube
ancestral de frutos, conectara-se ideologicamente: da evolução do simples para
o complexo dessa conexão e da subjetivação do hábil nasceu a arte embrionária.
13500 anos decorridos, há 36500 anos, o
apuramento do hábil levou à traçagem de pé, ou Arte Parietal. E 36500 – 32000 = 4500 anos depois,
ultrapassada uma longa experiência manual e ideológica, dominou-se um riscador
muito mais duro e exigente, como a lasca de granito sobre calcário,
perpetuando-se o desenho na aventura figurativa.
Para trás 52000 – 32000 = 20000 anos de
arte efémera, minimamente testemunhada, partindo da representação gráfica de
uma ideia simples; para a frente 32000 – 10000 = 22000 anos de figurações fixas
e signos ascendentes: depois a convergência na Escrita Embrionária, e na
Escrita, a arte de traduzir graficamente ideias complexas. Com a Escrita
Embrionária a arte convertia-se em Arte iniciando-se a Civilização.
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