A FABRICAÇÃO NA TRANSIÇÃO DA IDEIA PARA O ENCADEAMENTO IDEOLÓGICO. O SIGNO IDEOLÓGICO ANIMAL.
Nota preliminar:
A mensagem anterior recebeu 8 visualizações: 5 dos Estados Unidos da América, 2 de França e 1 de Portugal. Os visitantes dos EUA seguem o meu blog desde o início da sua publicação: um abraço para eles. Os visitantes de França seguem-no desde há algumas mensagens atrás de forma assídua e agradável para mim: dedico-lhes esta nova mensagem. E obrigado a todos.
Quando o primata de J1 ingeriu a baga
derrubada pelo pau concluiu um encadeamento ideológico; mas um encadeamento
ideológico espontâneo, e elementar, congénere aos fenómenos primários dos
outros animais que se animam pela fome e as outras exigências orgânicas, sem
nenhum efeito ideológico significante. O chimpanzé sempre usou o pau para
retirar térmitas do ninho como para enlaçar camas; sempre desenvolveu
encadeamentos ideológicos próximos dos do seu ascendente de J1, e continua
sendo o primata que sempre foi: não evoluiu por isso. Não foi,
consequentemente, o uso do pau nem o encadeamento ideológico elementar quem
impulsionou a Ideia de I1 à linguagem de L1 e à abstração dos seus sinais.
Também que o Encadeamento Ideológico é comum a muitos animais.
Um gato, próximo do meio-dia, sobe a um
telhado térreo porque “sabe” que duma janela, mais ou menos a essa hora, uma
mulher atira-lhe alimento. O seu instinto, nesse ato, completa um signo
ideológico: a necessidade de comer, instigada pela refeição dos outros dias
lançada daquela janela, é a ideia-de-signo; o meio-dia, momento central da
queda do alimento e do posicionamento de espera, é o objeto-de-signo; e a
admissão do alimento caído, a ingerir, é a imagem-de-signo. Mas o alimento não
cai quando se senta: por isso ele olha, de vez em quando, só para aquela
janela, memorizada, do segundo andar no meio de muitas janelas, realizando outro
signo: o desejo de comer, despertado pela espera e pelo lugar, é a
ideia-de-signo; aquela janela é o objeto-de-signo; e o sentido do alimento
caindo da janela, para ser ingerido, é a imagem-de-signo. O primeiro signo foi
impulsionado pela fome e o segundo pelo efeito de espera (dois fenómenos
primários, embora o segundo mais desenvolvido que o primeiro): e entre a
chegada e o momento em que come decorrem dois signos relacionados um com o
outro, mostrando que a ação animal, e espontânea, conclui o encadeamento
ideológico seguinte à ideia: mas um encadeamento estático, instintivo e não
significante, movido pela fome.
A ideia animal existe presa ao instinto, é
não-significante, quando a ideia humana é não instintiva, e significante. E a
ideia de I1 transcendeu a ideia animal porque foi a Indução Ideológica, de
natureza não instintiva, que a originou. A Ideia de I1 transcendeu todas as
ações primárias, ligadas à fome, à sede, à reprodução, à demarcação de
território (que esteve na base do conflito de G1I1) e à caça estratégica,
orientadas por ideias e encadeamentos elementares, ou animais, atuais e
anteriores, desde sempre, a I1. A ideia de I1 foi significante contra a
anterior a I1, não-significante.
Um cão roía um osso no meio da rua. Mas
sentiu a aproximação de um automóvel: olhou, levantou-se e fugiu, levando o
osso. Naturalmente que ele podia ter fugido e deixado o osso: mas não foi isso
que fez. À fuga o seu instinto associou a vontade de roer o osso, uma vontade
movida pelo prazer de comer e não ideológica: no mesmo ato desenvolveu um
encadeamento ideológico constituído por dois signos. A ideia-de-signo, do
primeiro signo, foi fugir; o objeto-de-signo foi o perigo na aproximação do
carro; e a imagem-de-signo foi a fuga, levando o osso. Ao levar o osso iniciou
o segundo signo com a ideia-de-signo; o osso, levado, foi o objeto-de-signo; e
a admissão de o roer depois foi a imagem-de-signo. No encadeamento ideológico a
ligação dos signos deu-se da imagem do primeiro para a ideia do segundo, com o
osso indo de acessório da fuga para diretor da admissão. No caso do gato a
ligação deu-se pela espera do objeto do primeiro signo para a ideia do segundo:
onde o tempo interferiu indiretamente.
Tanto na ação do gato como do cão existiu a
vigilância, este atento ao trânsito e aquele à movimentação da janela; como
existiu a admissão, no gato, da janela abrir-se para o lançamento do alimento,
e no cão no sucesso da fuga com o osso; e em ambos a vontade de comer depois: e
logo o tempo. Nos dois casos a vigilância foi de si para si, distinta da
vigilância primata (como de muitos outros animais), esta ligada ao grito de
alerta e aquela à necessidade individual. Nem num caso nem no outro foi
associado um elemento estranho, como o pau, nas ações: pelo que a admissão,
associada ao fator tempo, moveu-se pela fome e foi espontânea; como foi
espontânea, e não artificial, a previsão do gato ver a janela abrir-se. E o
tempo foi autónomo, implícito como em todas as ações; não foi conceptual nem
métrico, como o admitido pelo primata de J1 ao guardar o pau. Mas o cão também
guarda o osso no buraco aberto com as patas e tapado com o focinho: pelo que o
tempo conceptual e métrico também não é exclusivo da nossa linhagem.
Pelo que não foi a Ideia, nem o Encadeamento
Ideológico, nem a vigilância, a previsão e a admissão, do primata de J1L1, que
conduziram à abstração linguística. Foi sim a ampliação do encadeamento
ideológico para 2, 3, 4 e mais signos com a incorporação nas ações da métrica e
da fabricação53 que conduziram à complexidade da comunicação e à
necessidade da sua codificação linguística. É certo que o chimpanzé também
limpa o pau para poder introduzi-lo no formigueiro, fazendo um duplo
encadeamento e uma fabricação, podendo até guardá-lo admitindo o tempo: mas
limita-se a essa habilidade, não a amplia nem a transmite ideologicamente aos
outros; utiliza-a sem nenhuma finalidade coletiva, sem ser coletivamente
instigado para o seu uso e sem ser enriquecida pela simultaneidade de todas as
outras componentes. E o chimpanzé do presente é um antepassado distante.
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