FAMÍLIA EMBRIONÁRIA
Contrariamente,
se a mãe fixasse a cria nas costas, antes do Momento Bípede, a projeção do
centro de gravidade do tronco com o filho deslocava-se favoravelmente sobre a
base de sustentação, dando equilíbrio ao andamento: mas essa habilidade muito
improvavelmente aconteceu. Também que o Primata não tinha a noção do bipedismo
efetivo e seria indiferente ao bipedismo espontâneo da mãe com o filho, não
bebé, às costas. O que aconteceu, talvez, foi que a mãe bípede, após o Momento
Bípede, deixava de ser bípede abraçando o bebé só readquirindo o equilíbrio, do
conjunto, quando ele cresceu e saltou para as suas costas.
Conforme
a cria adquiria volume e peso favorecia o transporte à retaguarda, levando o
centro de gravidade à base de sustentação e aproximando-o, progressivamente, do
seu centro, e desfavorecia o transporte à frente, afastando-o cada vez mais: o
crescimento do filho impossibilitava o transporte frontal e favorecia o
transporte à retaguarda. O transporte bípede à retaguarda ocorreu antes do
Momento Bípede; e o transporte frontal extraordinariamente depois: porque o
crescimento rápido da cria opunha-se à progressão angular (rumo à
verticalidade) insignificante da mãe. E o Abraço Bípede foi mágico: no
individual, porque permitiu à mãe olhar de pé o olhar do filho (quando a
frontalidade do olhar é essencial à linguagem e à comunicação afetiva, ou
familiar); e no coletivo, porque foi um passo em frente no bipedismo, mesmo
assim incompleto, uma vez que o Bipedismo Absoluto, da mãe prenha ereta até ao
parto, foi muito depois.
Depois
do Momento Bípede, durante milhões de anos, porque a verticalização demorou
cerca de 444703,8508 anos por cada grau, a fêmea bípede voltava à locomoção
quadrúpede durante a prenhez, entre o momento em que o peso do ventre deslocava
a projeção do seu centro de gravidade para fora da base de sustentação e o
parto. Esse retorno ao estado primitivo, equivalente ao das tribos não bípedes,
foi visto, muito provavelmente, como uma desvirtuação feminina, algo insólito,
de temer e místico, elevando os machos sobre as fêmeas. Foi, talvez, esse
sentimento de superioridade que, associado à maior agilidade e liberdade do
macho, causou o domínio masculino que só o presente está a contrariar. E o
negativismo original esteve na base das grandes crenças, do bem e do mal, com o
mal em primeiro lugar e dominando até ao presente: e não foi por acaso que
todas as encenações de Deus foram figuradas no masculino, que nas
interpretações diabólicas, como do surrealismo de Bosch, surgem a prenhez e o
nu femininos, que o pecado mortal saiu da dentada de Eva e a caixa de Pandora
libertou todos os males do mundo. E é de admitir que a Família só nasceu no Bipedismo Absoluto, quando a mulher prenha não voltou à locomoção quadrúpede: porque, só aí,
sem inquietação, a segurança nuclear foi de
variável a fixa.
Texto
digital: “…Na gestação, uma mulher saudável engorda
entre 11 kg e 15 kg até a hora do parto. Em uma mãe que ganha 14 kg durante a
gravidez, o peso extra fica distribuído assim: cerca de 2,5 kg de aumento no
volume de sangue e do útero, 1,5 kg por causa da formação da placenta e do
líquido amniótico, 3,5 kg do peso médio da criança, 2 kg em líquidos retidos
pelo organismo e mais 4,5 kg de gordura nos seios, quadris, coxas e abdomen…:” http://mundoestranho.abril.com.br/saude/por-que-a-mulher-engorda-tanto-na-gravidez/
Numa grávida que ganha 14 quilos só 3,5 são do
peso da criança. E 4 quilos, da soma do peso do filho com o peso da placenta e
do líquido amniótico, são muito mais peso e
mais volume no ventre antes do parto que depois dele com o bebé ao colo: pelo
que o equilíbrio da prenhez, no Bipedismo Absoluto, foi muito posterior ao
equilíbrio do transporte frontal, no Abraço Bípede.
“Além
disso, a figura paterna emerge, a partir dos dois anos, entre os rostos que
rodeiam a criança. O pai e a mãe passam a ocupar o seu lugar determinado, com
as suas tarefas específicas…” “…No triângulo original o pai desempenha
um papel menor, e a primeira imagem má é, por vezes, dificilmente compensada
por uma melhor imagem, até à liquidação do complexo edipiano…” “Mas é a partir
dos três anos e até aos seis anos e meio ou sete que se desenvolve realmente o
complexo de Édipo…” “…Depois dos seis ou sete anos, a parte inconsciente da
imagem paterna é atenuada por uma imagem consciente gravada e indestrutível…”
“…Mas a escola infantil (pré-primária) já tinha exigido à criança atitudes
novas e uma certa autonomia em relação à vida familiar. Para Denis Wallon, a
professora desempenha o papel do pai na resolução do Édipo... O pai, sempre
longe ou ausente, ainda não «separou» verdadeiramente a criança do casal
maternal.” “Para a criança, existe mais ou menos transferência da autoridade do
pai – e do seu modelo – para o professor. Para que haja harmonia entre estes
dois objetos de identificação, a escola tem tentado, nos últimos anos, lançar
uma «ponte»
que atinja a família, em vez de viver em circuito fechado, como no último
século. De resto, a criança não é capaz de assumir formas diversificadas de
autoridade. Existe um arquétipo ancestral e inconsciente em que baseiam a
palavra do pai, do professor, do juiz e do padre. Seria desejável, para
terminar a liquidação do Édipo que, depois dos seis ou sete anos, o professor
do rapaz fosse um homem e da rapariga uma mulher. Como é evidente, o ensino
misto generalizado e a crescente enfeminização do corpo docente não o
permitem.” (Pepin, 1979, p. 42, 52, 99, 100, 118 e 122).
O
reconhecimento do pai pela criança tem dois momentos fundamentais: o primeiro
no terceiro ano de vida e o segundo na liquidação do complexo de Édipo, entre
os 6 e os 7 anos. Se só com a liquidação do Édipo a criança adquire uma boa
imagem do pai, a imagem anterior não foi a do pai fraterno e foi a do chefe, de
paralelo na Tribo: o que sugere que o tempo do crescimento entre o zero do
complexo de Édipo, os 3 anos, e a sua liquidação, aos 7 anos, ou do
reconhecimento elementar do pai e a sua finalização, é um paralelo entre a
origem da Tribo e do tropo Chefe e o zero da Família, na origem da palavra pai
e do «afeto paternal» quando da distinção do filho pelo progenitor. A
indefinição da figura paterna, que nasce aos 2 anos e evolui para a definição
entre os 3 e os 7 anos infantis, é paralela da conversão ancestral do chefe,
pelo tropo, para o pai, já pela palavra, muito provavelmente. O complexo de
Édipo, partindo do apego cruzado pelos pais, é do feminino e do masculino, mas
converge na resolução triangular só pela figura paterna, o pai; da mesma forma
na evolução foi o pai que completou a trilogia familiar, originando a Família
Embrionária.
O
chefe ancestral do pai é teatralizado na infantilidade dos 3 anos na autoridade,
ou lei, que a novidade da escola, personalizada no Professor, representa além
do par maternal, da criança com a mãe; e só um adjetivo comum a Pai, Professor,
Juiz e Padre, como «líder», ou «chefe»,
pode conduzir a perceção infantil ao tempo ancestral da espécie; e é do «modelo»
de pai, fora do afetivo e bom, não do pai, que a criança transfere a sua
autoridade para o Professor. Tanto o professor, como o juiz e o padre, dominam
sobre agrupamentos maiores: e foi assim com o chefe na Tribo. O papel menor, que
a figura paterna representa ao olhar da criança de 3 anos no triângulo
familiar, não pode deixar de ser uma reminiscência do papel suplementar, ou
ausente, do progenitor, na evolução tribal anterior á família; e o tempo da
conversão da má na boa imagem que a criança tem do pai, 6,5 – 3 = 3,5 anos,
longo no crescimento individual, só pode ser um paralelo do tempo
extraordinariamente longo entre a origem da Tribo e a origem da Família, entre
os estados embrionários de Chefe e de Pai. O pai pode não estar longe, nem
ausente, mas a criança agrega-se muito mais precocemente à mãe, agindo
geneticamente, influenciada pela ausência ancestral e longa do progenitor: é
como se a figura psicológica, do complexo, remanescendo de há 10,0775 milhões
de anos, se associasse oportunamente a uma personagem antropológica, e
figurada, o Édipo, uma criança representando todas as crianças.
E
a imagem paterna, entre os 6 e os 7 anos, assume-se na totalidade, gravada e
indestrutível: e isso diz-nos que a memória fixa, nesse intervalo, a terceira
figura afetiva, completando o triângulo familiar, quando a família existia
desde o seu nascimento; paralelamente, na evolução, no zero da família, a
memória, essencial ao futuro desenvolvimento da numeração, solidificou-se. Daí
a admissão de a família ter nascido antes do Pensamento Numérico de há 1,1231
milhões de anos. Com efeito, quando o hominídeo distinguiu os sons pê, é e ó,
de pé e pó, e proferiu depois pé e pó como palavras e não como tropos,
construiu, e memorizou, a lei da Linguagem Moderna, quando antes a memorização
dos sinais era intuitiva e animal: pelo que a ideia só há 1,95 milhões de anos
transitou da animalidade para o estado hominizado, pela memória. Depois, com a
Família Embrionária, a memória cristalizou o triângulo familiar nos seus 3
elementos: aí, talvez, o Homem Primitivo adquiriu a noção da unidade, o
elemento primário da numeração, vendo que a família se compunha do par adulto «mais»
1 filho, dirigindo os seus esforços para a sobrevivência do conjunto, no que
foi um novo modo de vida social.
O
complexo de Édipo manifesta-se a partir do terceiro ano com a influência menor
da figura paterna na mente infantil; mas a figura do pai interfere no
crescimento infantil antes dos 3 anos, a partir dos 2: e associamos,
paralelamente, este limite inferior, à origem do tropo Chefe, e da Tribo, na
evolução: e esse paralelismo está correto porque verificámos que a distância
10,0775 milhões de anos corresponde à idade 2,2881 anos da criança.
Temos
que aos 7 anos a criança reconheceu a figura paterna. Esse momento, da evolução
infantil, é paralelo ao momento em que nasceu o afeto da cria pelo progenitor,
muito posterior àquele em que o pai reconheceu a cria como sua: porque foi a
partir do reconhecimento do filho pelo pai que o par o pressionou a ficar além
da idade independente, a crescer no afeto familiar, donde veio a adquirir o
afeto pelo pai, e pela mãe. Como é a partir dos 6 anos que a figura paterna
começa a ocupar o seu lugar na mente infantil essa idade é paralela ao momento
em que o pai reconheceu o filho: porque foi aí que nasceu o afeto familiar e o
aperto afetivo à cria, contra a independência animal anterior.
Assim
que os 6 anos infantis, da liquidação do complexo edipiano ou do reconhecimento
do pai pela criança, tem paralelo na origem da família, FE1, na evolução. E
FE2E2 = 23 – 6 = 17 anos. Como FE1 se situa à direita de C1 KFE é menor que
KCE.
KFE
88804,6889.
FE1E1
/ FE2E2 < KFE
FE1E1 / 17 < 88804,6889
FE1E1
< 88804,6889 x 17
FE1E1 < 1,5097 x 106 anos.
A
Família Embrionária surgiu há menos de 1,5097 milhões de anos.